Prejuízo tricolor na venda de João Pedro






Prejuízo tricolor na venda de João Pedro

Fernando Diniz está cada vez mais aprimorando o futebol tricolor. Na minha visão, nenhum outro treinador conseguiria fazer o time jogar o que vem jogando com um elenco tão limitado. Quando resolveu ter coragem e sacar os dois volantes fixos, o Fluminense ficou mais leve, ágil e com vontade de ganhar. Melhor pra todo mundo, incluindo as joias da base, dentre elas João Pedro.
O jovem atacante tricolor foi o grande destaque nas duas partidas contra o Cruzeiro no Maracanã. Ainda que a equipe mineira conte com um sólido esquema defensivo, João Pedro foi decisivo e marcou três dos cinco gols tricolores.
É claro que o interesse pelo moleque de Xerém cresceu e todos foram estudar a sua negociação, já que o Fluminense é administrado pela Flusócio e sempre sobra espaço para a desvalorização da marca na gestão de Pedro Abad e cia.
De acordo com a matéria do site Globoesporte.com publicada no fim do ano passado e assinada por Hector Werlang, a joia da base tricolor foi vendida ao Watford da Inglaterra por valores que podem chegar a 10 milhões de euros, algo em torno de R$ 45 milhões.
O contrato, como não poderia deixar de ser, possui várias condicionantes que podem reduzir o valor que o Tricolor irá lucrar com a venda, já que dos 10 milhões de euros não passará porque é o teto. A primeira parcela foi no valor de 2,5 milhões de euros, podendo haver ainda quatro bônus de um milhão de euros cada pelo desempenho de João Pedro no time de cima do Fluminense, o que inclui convocações para a seleção de base e gols marcados. Além disso, há ainda 1,5 milhão de euros ao obter a licença pra jogar a Premier League e dois bônus de 1 milhão cada pelo desempenho no Watford.
Lembrem: o Fluminense adiantou em uma instituição financeira o valor da primeira parcela mesmo antes de cair na conta. Isso para pagar parte da dívida com atletas e funcionários em dezembro de 2018. Moral da história: deste dinheiro devem ser descontados os juros bancários. Mais prejuízo na conta.
Em resumo: de certo mesmo, o Fluminense receberá 4 milhões de euros, sendo que os bônus dependem do desempenho do atleta. Acredito que os jogos contra o Cruzeiro já garantiram pelo menos metade das condicionantes firmadas com o clube inglês pela desenvoltura da joia tricolor nos jogos do clube, mas, ainda assim, convenhamos que é um valor ínfimo se considerarmos o potencial do jogador.
Antes de fazer qualquer comparação, é bom recordar que o atacante tem apenas 17 anos e foi o artilheiro da base tricolor do ano passado, marcando nada menos que 36 gols na temporada. Além disso, possui características que o fazem destacar dentre os demais jogadores de sua idade, como a personalidade, velocidade e capacidade de finalização.
É claro que isso encheu os olhos dos ingleses do Watford, que viram no jovem tricolor uma boa oportunidade de substituir Richarlison, outro nome vendido a preço de banana para o time da terra da rainha e hoje convocado para a seleção brasileira principal. Lembre: Richarlison saiu do Fluminense por 11,5 milhões de libras e foi vendido um ano depois para o Everton por 45 milhões mais variáveis. Belo lucro dos Hornets! Pobre Tricolor!
E com João Pedro o valor é ainda menor. Mesmo que o Fluminense obtenha os 10,5 milhões de euros com todos os bônus contratuais, abrir mão de um atleta promissor e com potencial para render títulos e mais lucro ao clube comprova que grandeza não é o forte do pensamento da Flusócio. Por mais que digam que naquele momento o dinheiro era indispensável, o planejamento não foi o mais adequado e lá na frente é possível que o clube veja novamente o Watford lucrar à custa das Laranjeiras.
E as comparações são inevitáveis. Segundo o jornal inglês Dailymail, o Manchester United prepara uma oferta de 105 milhões de euros para tirar o jovem português João Félix, de 19 anos, do Benfica. Tudo bem que o time de Lisboa tem as finanças bem mais saudáveis que as do Fluminense, mas as cifras somente são tão elevadas porque o jogador está jogando no time titular e se destacando. Com isso, há concorrência e o aumento dos valores em jogo.
Se João Pedro tivesse oportunidade no time de cima e somente aí se falasse em vendê-lo, certamente os valores na mesa seriam bem mais altos e o clube teria condições, talvez, de acertar parte das dívidas que o assolam desde que eu me entendo por gente. Isso porque ninguém duvida que a cria de Xerém tem totais condições de se destacar nesta temporada.
Enfim, mais uma joia está com os dias contados no clube e a partir de janeiro de 2020 será apenas mais um nome promissor que sequer teve tempo de mostrar todo o seu futebol com a camisa do time. Espero que com Marcos Paulo não seja igual.
Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura