
Reflexões sobre o empate do Fluminense com o Atlético-MG
O jogo contra a equipe do Atlético Mineiro, em muitos aspectos, me fez lembrar a estreia do Fluminense na Libertadores. A opinião pública e os canais de parte da grande mídia pareciam papagaios do Diário Olé. O grande e napoleônico River Plate, a equipe cujo jogo flui como um regato heraclitiano, vai esmagar o Tricolor. Todas as manchetes previam um massacre: o Fluminense era um pobre Antônio Conselheiro diante da nova e inevitável Canudos. Cada repórter foi ao jogo como um Euclides da Cunha. Confundiram Os Sertões com o Maracanã. Resultado: 1 a 1!
E o que vimos no jogo entre o Pó de Arroz e o Galo Mineiro? Nas vésperas, para parte da grande mídia, a previsão de um massacre histórico foi mais uma vez vociferada e proclamada como inexorável. Em campo, contudo, até mais ou menos 10 ou 15 minutos da etapa inicial, a partida foi de pleno equilíbrio. O técnico Marcão Oliveira foi extremamente inteligente. Optou pelo esquema 4-3-3, o 4-1-4-1 da linguagem moderna, pois, usou o chamado ‘’triangulo de ponta baixa’’ no meio-campo. A estratégia espelhou e neutralizou a boa equipe atleticana. O alvinegro de Minas, com um 4-3-3 (com triângulo de ponta alta), caiu na boa postura defensiva do Amado Clube de Laranjeiras.
No ‘’novo esquema’’, uso aspas pois é precipitado falar em novidade, o Tricolor jogou com a linha de meio-campo um pouco mais avançadas. Os pontas, ao menos durante 10 ou 15 primeiros minutos da etapa inicial, voltavam até o meio e, ao mesmo tempo, pareciam libertos da condição de ‘’secretários de lateral’’. Uma das minhas maiores críticas ao treinador anterior era justamente o recuo exagerado dos pontas que, na formação defensiva, voltavam para formar a linha de meio. Roger usava o sistema 4-4-2 de ‘’linhas inglesas’’ que operava de um modo excessivamente recuado.
No ‘’novo sistema’’ – e eu insisto com as aspas, leitor -, o Flu usou duas linhas de 4 na formação defensiva, contudo, nas ‘’entrelinhas’’, André cobria bem os espaços e o conjunto funcionou bem. Repito: o jogo estava equilibrado, pois, o Tricolor espelhou o meio-campo. Mérito do Marcão? Arrisco dizer que sim! Cuca, por outro lado, percebeu a cilada, o entrave preparado pelo técnico do Fluzão. No 4-3-3 do Fluminense que, na formação defensiva variava para o assim chamado 4-1-4-1, apenas o Fred ‘’sobrava’’. E a ‘’sobrada do Fredão’’ foi justamente a oportunidade para mudar o jogo que o técnico Cuca conseguiu perceber.
Fred é um grande jogador, mas, não possui velocidade para armar o contragolpe. Nosso Eterno Nove, nos contra-ataques (e transições ofensivas) atua como ‘’pivô’’. O que fez o técnico atleticano? Ao invés de fazer a famosa ‘’saída de três’’, segurando o Alan e soltando os alas, ele percebeu que bastavam dois para ‘’vigiar’’ Dom Fredon. Cuca soltou o cabeça de área Alan e, simultaneamente, de forma alternada, recuava um dos pontas para o meio. Resultado: o meio-campo equilibrado do começo da partida foi dominado pela equipe de Belo Horizonte. Cuca conquistou a superioridade numérica na região vital do futebol.
Cuca passou a sair para o jogo variando do 4-3-3 para 2-6-2 e, com tal estratégia, dominou o espaço entre as duas intermediárias. Sejamos honestos, amigos: -bastavam dois para ‘’vigiar’’ o Fred! Com uma equipe superior tecnicamente, o Atlético foi soberano em boa parte do primeiro tempo. Em que pese a superioridade adversária, o Fluminense obteve a vitória parcial – gol de pênalti do ídolo Fred. Vale ressaltar que o Flu abriu o placar quando ainda havia equilíbrio na partida. Com chutes de fora da área, muita luta no meio-campo, o Time de Guerreiros estava jogando de igual para igual.
No segundo tempo, o que vimos, amigos, foi a verdade irrefutável do televisor. O Time de Guerreiros foi espartano, mas, ao mesmo tempo, não conseguiu neutralizar totalmente a estratégia adversária. O Galo alugou o campo do Flu. É claro, Torcedor Tricolor, nossa defesa resistiu parcialmente bem. Sem um desafogo, sem a possibilidade do contra-ataque, da transição ofensiva rápida, a maior parte da segunda etapa foi um ‘’ataque contra defesa’’. Quando esgotado fisicamente, jogando contra uma das poucas equipes brasileiras que nos superam em qualidade técnica, o Tricolor sofreu o empate. Mérito do adversário!
-Depois dos trinta minutos do segundo tempo, a partida ficou mais aberta. Dois lances pesam na memória do torcedor e da partida: a bola em que o Abel foi egoísta (aos 31 minutos) e, notadamente, o gol perdido pelo menino Biel aos 35 -ambos os lances na etapa final! Ficam as lições para Copa do Brasil: não há bicho papão, ninguém ganha de véspera e a temporada ainda não está perdida! Vamos, Fluminense!
Teixeira Mendes
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO
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Jogos de ida das quartas de final da Copa do Brasil
Quarta-feira (25/08)
19h
Athletico x Santos – Arena da Baixada
21h30
Grêmio x Flamengo – Arena do Grêmio
São Paulo x Fortaleza – Morumbi
Quinta-feira (26/08)
21h30
Fluminense x Atlético-MG – Nilton Santos
Jogos de volta das quartas de final da Copa do Brasil
Terça-feira
21h30 (14/09)
Santos x Athletico – Vila Belmiro
Quarta-feira (15/09)
21h30
Flamengo x Grêmio – Maracanã
Fortaleza x São Paulo – Arena Castelão
Quinta-feira (16/09)
21h30
Atlético-MG x Fluminense – Mineirão