Retorno de Martinelli ao meio-campo, gols sofridos na bola aérea, decisão de concentrar o elenco e muito mais; confira a coletiva de Fernando Diniz






Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva no Maracanã

O técnico Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva após a vitória do Fluminense por 2 a 1 sobre o Vasco, na tarde deste sábado, no Maracanã, pela 3ª rodada do Campeonato Brasileiro. Confira abaixo todas as respostas do treinador:

Vitória sobre o Vasco 

“É sempre bom ganhar, quebrou os 13 clássicos sem vencer. Essa notícia não dava pra ficar. Muita gente vai ficar triste, não vai dar pra criar caos. Até recapitulando, muito clássico que a gente deixou de ganhar na conta foi por causa da Libertadores, da Recopa. Se tivesse um outro jogo, a gente teria que poupar e poderia ser que não ganhasse. As pessoas gostam de colocar tudo na mesma conta. Vamos ver qual vai ser o próximo assunto para polemizar.”

Demissões de técnicos no Brasil 

“Acho que nesse sentido, vocês (imprensa) são formadores de opinião, participam muito. São os que mais batem nos treinadores. Vai vir um monte de treinador estrangeiro… Aqui a moda é a seguinte: vai vir aqui, não vai ganhar e vai ser mandado embora. Quantos treinadores estrangeiros o Botafogo já teve? E o Cruzeiro? É um processo. O cara vem, perde… Acho ridículo o que aconteceu com o (Thiago) Carpini, e o que acontece com os estrangeiros também. Não é que o (técnico) brasileiro não serve, ninguém serve. Serve só se ganhar. O Abel (Ferreira) não está aí há tanto tempo porque é bom. Ele é bom mesmo, senão não ganharia o que está ganhando. Mas ele está aí porque ganhou. Quando eu falo que essa é uma análise de resultados… Tem um monte de treinador brasileiro bom, mas tem menos tempo. A gente tem uma paciência maior para mandar estrangeiro embora.”

Importância de jogar no Maracanã 

“Jogar no Maracanã é uma força muito grande do time, sempre foi, pelo menos desde que estou aqui. O que a gente precisa é voltar a pontuar bem fora de casa, que é uma coisa que fizemos bastante em 2022 e não conseguimos tanto em 2023. Muitos jogos que fizemos fora, em 2023, jogamos com time alternativo. Dificultava para a gente pontuar. A gente espera esse ano jogar e pontuar de uma maneira mais equilibrada, manter esse ritmo de pontuação dentro de casa. Mas a gente precisa melhorar fora.”

Espaço pela esquerda

“Não sei se o Vasco estava deixando muito espaço naquele lado. Acontece que o Arias estava flutuando mais que o Marquinhos, então a gente acabava tendo um acúmulo de jogadores do outro lado e não tinha muita gente para explorar o lado esquerdo. Se o Arias fica mais posicionado, obviamente o Vasco ia ter mais gente daquele lado.

É meio que uma ilusão de ótica. Se a gente tem mais jogadores ali, o Vasco não ia ficar daquela maneira. Inclusive a gente fez o gol pela maneira que a gente estava jogando. O Arias tava mais dentro, a bola chega no Marcelo com muita liberdade para cruzar, o Ganso faz uma boa penetração junto com o Cano ali e acaba fazendo um bonito gol.”

Gol de Ganso 

“Acho que a partir do momento em que ele pisa mais na área, mesmo quando não faz gol, ele propicia que o Cano e outros jogadores tenham mais chances de marcar. É o organizador central do nosso time, mas a gente sempre cobra que ele chegue mais na área, porque ele tem essa capacidade.

Tem boa finalização, é um cara grande, tem altura. No jogo contra o Bragantino e contra o Colo-Colo, o Cano não faz o gol, mas ele é importante porque está na área desviando a atenção de alguém. Acaba sobrando um outro companheiro para fazer o gol.”

Fim do jejum em clássicos melhora o ambiente?

“Acredito que a gente não é nunca impermeável às coisas de fora, do nosso torcedor, com o advento dos últimos 20 anos das redes sociais, o tanto de gente que omite a opinião. Os jogadores, principalmente os mais jovens, consomem muito esse estardalhaço que é feito fora do nosso ambiente interno. E nunca é positivo.

Até quando elogia muito, tem uma negativa. Acho que o time soube trabalhar em relação a isso. Os dados friamente são só 13 (jogos sem vencer). Mas como expliquei mais de uma vez, quando você vai considerar como foram os jogos, a gente sabia que a vitória uma hora ia acontecer.

Em condições normais, a gente não teria ficado 13 clássicos sem vencer. Não que não pudesse acontecer, mas ia ser muito difícil. Se tivesse jogado com o time completo, descansado. A coisa melhor desse clássico é a alegria que traz pro torcedor, além de ganhar e subir na tabela de classificação, que é o objetivo principal.

Em termos de ambiente, é a alegria do torcedor e, como você disse, de ganhar jogando bem. A gente cometeu erros, tem que melhorar, muita coisa para ajustar. Mas a equipe fez uma boa partida, principalmente no que diz respeito à criação.”

Atuação do árbitro Wilton Pereira Sampaio
“Esse é um dos melhores que a gente tem no Brasil, não por acaso foi para a Copa do Mundo. O jeito dele de apitar me agrada, deixa o jogo correr. Se fosse para reclamar, acho que a gente teria mais coisa para reclamar que o Vasco. Quem apita assim, sempre está mais perto de cometer outro erro. Mas é um jeito que eu gosto.”

“Partiu da comissão de arbitragem. Não era obrigatório, mas eu e Ramon quisemos ir. Acho que a ideia é ter uma aproximação maior com a arbitragem para acalmar os ânimos para os jogos.”

Gols sofridos na bola aérea

“Os jogadores foram bem. Como o jogo já foi, eu queria ver se o Vasco tivesse feito mais um gol de cabeça, que teve chance, a pergunta seria nesse sentido. Obviamente, quando você tem zagueiros, tem mais chance de evitar a bola aérea. Mas o Vegetti fez um e teve outras chances.

O sistema defensivo precisa melhorar. Algumas coisas estamos fazendo bem, especialmente na marcação mais alta. Mas quando a gente baixa o bloco, permitimos cruzamento com muita facilidade. Quando pegamos um time especialista nesse tipo de jogada, que é o caso do Vasco, a primeira coisa é evitar que o cruzamento seja feito.”

Retorno de Martinelli ao meio-campo

“Acho que ele fez um bom jogo hoje. Acabou sendo premiado com o gol, um cara que tem muito volume. Quando a gente tem os jogadores à disposição, a gente vai procurar sempre pôr o melhor time. Hoje jogaram Felipe Melo e Manoel, depois coloquei o Antônio Carlos. Antônio tá muito bem nos treinamentos, é muito bom no jogo aéreo e o jogo pedia isso. No dia (que a partida) pedir outra coisa e a gente achar que o time vai ter mais chances de ganhar de outra maneira, vamos fazer de outra maneira. Como fizemos várias vezes.

Cito na Libertadores do ano passado, mesmo em 2022, houve muitos jogos em que usamos um recurso de colocar o time mais para frente e às vezes um volante na zaga. Foi muito bem o Martinelli, mas foi muito bem também, talvez até o jogo jogado, até melhor na partida que fez contra o Colo-Colo, de zagueiro. É um jogador que me deixa muito contente quando consegue fazer boas partidas. É um dos jogadores que mais trabalha no clube, tem números de treinamento muito altos todos os dias. Não tem meio treino com o Martinelli, é um moleque muito trabalhador. Caráter excepcional, merece colher os resultados.”

Decisão de concentrar o elenco antes do clássico

O fato de o Fluminense não concentrar é um avanço, a gente nunca teve problema com isso. Achei que a gente precisava. Há jogadores que estão demorando mais tempo para recuperar porque não conseguiram fazer a pré-temporada, casos do Cano e do Ganso. Não fizeram a pré-temporada no começo do ano porque a gente não teve condições de fazer, nem nesse período da data Fifa. A gente aproveitou bem três semanas, e os dois estavam se recuperando de lesão.

A gente teve um jogo muito desgastante lá na Bahia, um pedaço debaixo d’água, depois o campo ficou em boas condições para jogar, mas pesado. Jogo difícil, viagem, jogo terminou muito tarde. Achei que ontem (a concentração) também tinha a ver com a importância do jogo, e com o fato de o jogo ser às 16h. Se fosse às 21h, a gente provavelmente não teria concentrado. É uma chance de dar um descanso, alimentação de maneira mais homogênea para todo mundo. Acredito que ajudou o time a vencer hoje.

Processo de formação de treinadores no Brasil

“Acho que nesse sentido, vocês (imprensa) são formadores de opinião, participam muito. São os que mais batem nos treinadores. Vai vir um monte de treinador estrangeiro… Aqui a moda é a seguinte: vai vir aqui, não vai ganhar e vai ser mandado embora. Quantos treinadores estrangeiros o Botafogo já teve? E o Cruzeiro? É um processo. O cara vem, perde… Acho ridículo o que aconteceu com o (Thiago) Carpini, e o que acontece com os estrangeiros também.

Não é que o (técnico) brasileiro não serve, ninguém serve. Serve só se ganhar. O Abel (Ferreira) não está aí há tanto tempo porque é bom. Ele é bom mesmo, senão não ganharia o que está ganhando. Mas ele está aí porque ganhou. Quando eu falo que essa é uma análise de resultados… Tem um monte de treinador brasileiro bom, mas tem menos tempo. A gente tem uma paciência maior para mandar estrangeiro embora.



O Roger Machado, na minha opinião, é um excelente treinador e ficou um tempão aí fora do mercado. Zé Ricardo, Barroca, Vagner Mancini… Todos são bons treinadores, mas a gente acha que é bom só quem ganha. O que veio para o Botafogo, Bruno Lage, é um excelente treinador. Se você for lá na Europa perguntar, ele tem mais currículo do que muitos aqui. Mas veio para o Botafogo, entrou no meio de uma confusão, campeonato é difícil. Vai impor ideias, perde, é mandado embora. Qual treinador é bom? Jorge Jesus é bom porque ganhou um monte de coisa aqui? Quando voltou para a casa dele no Benfica teve resultados ruins, foi mandado embora, agora tá bem na Arábia. O cara precisa ganhar para mostrar que é bom.

A gente não avalia conteúdo, existe um automatismo de que quem ganha é bom e quem perde é ruim. Acho que o time jogou bem hoje, assim como contra o Bragantino. Mas o fato de ganhar praticamente anula a capacidade de enxergar e aprofundar a discussão sobre futebol. Esse é um dos piores males, uma doença no futebol brasileiro. E agora os treinadores brasileiros são assim. Se você pegar um time com orçamento de 30 milhões na mão desses que falei, entre outros, e der tempo para trabalhar, ele (treinador) vai ter chance de ganhar campeonato. Quando vem um treinador estrangeiro, são bem-vindos. Uma comissão técnica, daqui a pouco vem gerente, assessor de imprensa, jornalista. Aí a gente vira país colônia, extrativista total. A gente tem que ter um pouco mais de cuidado, que infelizmente temos muito pouco. Não acredito que essa relação seja justa em relação aos treinadores brasileiros.”

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Por Explosão Tricolor

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