Reunião no Fluminense acaba em pizza




Reunião do Conselho Deliberativo do Fluminense acaba em pizza (por Lindinor Larangeira)

Quatro horas de discussões para absolutamente nada. Foi assim a reunião do conselho deliberativo do Fluminense, na noite de ontem, no salão nobre do clube. O objetivo do encontro era atualizar as informações sobre o processo de criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), assunto que tem mobilizado e dividido a torcida tricolor.

Após a longa exposição inicial, o vice-presidente Matheus Montenegro apenas assinalou que não havia proposta ou investidor. Ou seja, nada de novo sobre o tema.

“Seguimos com essa operação com o banco BTG, que continua em busca desses investidores. Então para ficar bem claro, hoje não tem nenhuma proposta”, informou Montenegro. Por que então, se não havia qualquer fato novo, fazer uma reunião? Foi pedida por parte do conselho?
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De qualquer maneira, se nenhuma novidade havia, bastaria uma nota oficial de um parágrafo informando que o status do assunto permanecia inalterado, sem investidores ou propostas.

Assim, a reunião mais pareceu um evento casado de campanha: Mário CEO e Matheus presidente do clube social. O que é do jogo, diga-se.

Também, uma oportunidade para os 15 minutos de fama de alguns conselheiros. Ou melhor, 10 minutos, o que parecia um tempo interminável de discursos, em sua maioria recheados de bajulação ao atual mandatário.

Dos 15 conselheiros, ou “candidatos”, como insistia em chamar o presidente do conselho, inscritos para falar, apenas uns três ou quatro fizeram questionamentos consistentes ao processo. Tanto Mário como Matheus usaram o modo “enrolation” e não responderam objetivamente as perguntas.

Nos dois momentos mais quentes da reunião, o vice tentou desqualificar um dos conselheiros, dizendo que ele fazia parte da oposição. Foi refutado na réplica do conselheiro, que se disse apoiador da atual diretoria, mas contra o processo de condução da possível SAF.

Já o presidente, ameaçou processar outro conselheiro, que, segundo ele, o teria ofendido. Posteriormente, o conselheiro reforçou que não acusou o presidente, mas apenas que, na opinião dele, o processo era imoral, não o mandatário.

Apesar dessas altercações, a reunião acabou mesmo em pizza, recheada com discursos chatíssimos.

Sobreviver a uma reunião tão sonolenta, só mesmo acompanhado o chat da Flu TV. Os comentários foram hilários. Além da disputa entre os adeptos do “Fora Mário” e do “Mário melhor presidente”, que teve grande supremacia do primeiro grupo, os conselheiros que usaram o púlpito ganharam apelidos impagáveis na live.

De Xandão, em referência a careca lustrosa do ministro do STF, Alexandre de Moraes, passando por Alexandre Frota, Gugu Liberato, Roberto Justus, Cabo Daciolo e MegaMente.

O folclore, a cultura e a política também foram representadas pelos conselheiros sósias (pelo menos, na opinião dos galhofeiros do chat). O boto cor de rosa, Zeca Pagodinho, Tim Maia, Ziraldo, Donald Trump e Cláudio Castro usaram a tribuna.

Voltando ao lado sério da reunião, em seu canal no YouTube, o jornalista José Ilan afirmou que, tanto o vice quanto o presidente estão mentindo sobre o tema e que o Fluminense foi procurado mais de uma vez nos bastidores. O jornalista informou que o clube teria sido procurado por investidores árabes e norte-americanos, com o clube não os tendo recebido ou aberto qualquer negociação com esses pretensos interessados.

Será que o presidente e o vice, que tanto falaram em “notícias mentirosas da imprensa” irão desmentir o Ilan? Se a informação procede, cabe à diretoria explicar os motivos.

Minha grande preocupação é, como denominou o vice, uma “vascainização” do processo. Não com a judicialização, mas com um rito sumário. Em que a disjuntiva “ou SAF ou fecha as portas”, seja o mote, quando alguma proposta, que segundo José Ilan já existiria, venha a ser colocada na mesa.

Por último, será que presidente, dirigentes e conselheiros aceitariam assinar um documento em que, mesmo convidados pelos investidores, não fariam parte da gestão de uma futura SAF? Que é prerrogativa do investidor fazer as escolhas é óbvio. Como é óbvio também o gritante conflito de interesses desse processo.

Olho vivo, galera tricolor. Esse assunto representa apenas o futuro do Fluminense e necessita de um debate com profundidade e seriedade.

PS1: Rápida recuperação, Monstro.

PS2: SAF com Mário CEO, NÃO!

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