SAF no Fluminense




Bandeira tricolor (Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.)

(por Vinicius Toledo)

SAF no Fluminense

No final de 2025, o Fluminense terá eleição presidencial. A atual gestão conquistou grandes resultados nos gramados e, consequentemente, conseguiu criar um ambiente favorável para a sequência do trabalho. Oposição política? Se na última eleição já estava praticamente nula, agora então…

Pois é, no futebol, basta “a bola entrar” para ter paz. Porém, não dá para deixar de fiscalizar o clube. A transparência é algo extremamente necessária por mais que muitos sócios/torcedores não tenham tanto interesse. Esse desinteresse é um grande erro, mas ele começa dentro do próprio clube através de um Conselho Deliberativo que tradicionalmente cumpre apenas um papel homologador. Essa é a pura verdade. O Vasco da Gama deveria servir de exemplo, pois a falta de interesse e, principalmente, a briga pelo poder, acabaram com o clube, que hoje pertence a um grupo de estrangeiros (SAF) que não estão nem aí para a torcida.

A entrevista do presidente Mário Bittencourt concedida ao jornalista Rodrigo Matos, do portal UOL Esporte, na semana passada, me chamou atenção. O mandatário tricolor falou sobre a procura do Fluminense por um investimento onde o clube associativo manteria o controle sobre a operação. Aparentemente, a ideia é boa, mas diante do que temos visto nas primeiras SAFs implementadas no futebol brasileiro, fica a pergunta: será que um investidor aceitaria ser sócio minoritário? É importante destacar que o Tricolor possui Xerém, que é algo extremamente valioso, inclusive, a SAF do Bahia contratou, recentemente, alguns profissionais da nossa base. Vale lembrar que os baianos são administrados pelo Grupo City.

Considerando que apareça um investidor que aceite ser sócio minoritário, o quadro social do Fluminense precisará ficar muito atento a todos os detalhes. Obviamente, a questão política entrará com força total, porém, espero que em caráter construtivo para avaliar todas as condições de uma suposta venda da parte minoritária.

É importante ressaltar que vender a menor parte não é garantia de nada, muito pelo contrário, coloca o clube com uma obrigação “n” vezes maior em todos os sentidos. Sendo assim, não dá, por exemplo, para ter um Conselho Deliberativo que não fiscaliza de forma mais rigorosa e nem questiona nada, ou seja, que só fala “sim, senhor”. Definitivamente, o Fluminense precisará elevar consideravelmente o nível dos seus quadros administrativo e político para não correr o risco de um dia o sócio minoritário virar majoritário. 

O presidente Mário Bittencourt disse que o modelo já está definido e a situação está bem avançada, porém, ainda é segredo. Ainda disse que o modelo é diferente do Vasco e Atlético Mineiro. Vamos aguardar, mas a marca Fluminense apresentou um bom crescimento nos três últimos anos, em especial, graças aos resultados obtidos no futebol. Méritos da gestão! No entanto, é necessário trabalhar para fazer “dinheiro novo” em outros campos.

No final de abril, o clube publicará o seu balanço anual, que certamente apresentará um “superávit operacional” positivo, mas a questão principal mesmo é saber se a dívida total diminuiu, aumentou ou estagnou.

Sei que muitos tricolores não gostam de ler textos sobre temas que envolvem política, gestão e finanças, mas enquanto eu tiver vivo jamais deixarei de debatê-los. O pior analfabetismo é o político!

Forte abraço e ST!



SAF