Futuro no Fluminense, balanço da temporada, análise do elenco e muito mais: leia a entrevista coletiva de Fernando Diniz




Fernando Diniz (Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C.)



Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva no Maracanã

O técnico Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva após a vitória do Fluminense por 3 a 0 sobre o Goiás, na noite desta quarta-feira, no Maracanã, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. Confira abaixo todas as respostas do treinador tricolor:

Vitória sobre o Goiás 

“Acho que o time jogou muito bem desde o primeiro minuto, foi muito dominante, conseguiu eliminar as chances do Goiás de poder marcar, que é um time perigoso.”

Balanço da temporada 

“Momento mais difícil acho que foi a saída do Nonato. A maneira que ele saiu, time estava muito encaixado com ele. E não é só sair um jogador e colocar outro do jeito que a gente joga, principalmente na posição dele, que estava exercendo uma função que ligava todo sistema, e a gente acabou sentindo. E da maneira que saiu também, porque achava que iria ficar, fiz de tudo para ele ficar, clube se esforçou, ficamos 10, 15 dias nesse imbróglio e ele acabou nos deixando. A partir dali tivemos um momento de instabilidade, mas o time sobe se fortalecer e ficar melhor do que era.

Então o Fluminense de hoje é o melhor Fluminense da temporada. Não especificamente o de hoje, já de algum tempo, que começou contra o Avaí. Acredito que os grandes times e pessoas são os que conseguem se fortalecer no momento de descida, de fracasso. No sofrimento a gente acaba elaborando as coisas, ser mais reflexivo, e acaba separando os grandes homens . Acho que o Fluminense no momento das três derrotas soube se fortalecer e termina a temporada como o melhor Fluminense do ano.”

Presença de Fred no Maracanã 

“É muito bom ver o Fred aqui. Meu aproveitamento com ele é ótimo, só dele aparecer a gente tem mais chance de ganhar (risos).”

Titularidade de Alexsander 

“Ele foi muito bem, executou perfeitamente. O jeito que a gente joga, mesmo o jogador não sendo específico da posição, o cara que joga como o Alexsander joga, como foi com o Caio Henrique, está sendo com o Samuel (Xavier), acaba se sentindo bem e desenvolvendo aquilo que pode. E o Alexsander tem um aditivo que ele iniciou a carreira na base como lateral-esquerdo, então não é grande novidade para ele.

Eu procuro encaixar sempre os melhores jogadores, e o Alexsander já há algum tempo ele faz parte dos melhores jogadores nos treinamentos, mas tudo tem um timing para fazer. Acho que aconteceu tudo de maneira natural, não teve pressa, momento dele ir amadurecendo nos treinos, se enturmando. Momento de alegria para mim, mas não de surpresa, pois já esperava isso que está fazendo. É um jogador que acredito muito, que vai brilhar aqui no Fluminense, conseguir construir uma carreira sólida e vai no tempo dele ir para a Europa também.”

Primeiro gol de Alan desde o retorno ao Fluminense

“O Alan é um jogador que eu conhecia muito pouco, jogou pouco aqui no Brasil e partiu para o exterior, construiu uma carreira sólida na Europa e depois no futebol chinês. Ele chegou aqui depois de muito tempo parado e muito tempo jogando na China, que é um futebol diferente do nosso. Então tinha um processo de adaptação, e estou o conhecendo cada vez mais. E tem uma coisa que é muito diferente, ele é da linhagem do Cano: além de fazer gol, ele sabe fazer gol.

Um cara que o gol cresce quando a bola pinta para ele. Isso é algo que poucas pessoas têm. O Cano tem, o Brenner, que passou comigo aqui, o Marcos Leonardo do Santos. E no aspecto humano, é uma pessoa humilde, simples, trabalhador, sempre sorrindo, alegra o ambiente. Para mim está sendo alegria muito grande trabalhar com ele, pessoa positiva, muito do bem.”

É possível ser campeão com orçamento inferior?

“Tem, a gente esse ano teve a possibilidade. Imagina se o Nonato e o Luiz Henrique ficam até o final? Ia ter mais chance, porque em determinado momento… O Luiz Henrique é extremamente diferente, quando ele saiu é mais ou menos como o Arias está jogando hoje. Jogadores extremamente diferentes que decidem jogo. Teria algumas partidas que certamente o Luiz Henrique teria nos salvado. Nonato também teve o rilho dele que era diferente, ele melhorava todos que estavam do lado. Para o Fluminense é mais difícil (ganhar), mas tem jeito. Eu sempre acredito que tem jeito. Tem que trabalhar muito, dependemos muito mais de trabalhar no nosso limite.

No mundo do capital, os times que têm mais dinheiro… O Flamengo está aí, quando está tudo ruim está em quarto, quinto, porque com um orçamento assim, estou chutando, na casa dos R$ 30 milhões, traz o Everton Cebolinha, que foi o melhor jogador da Copa América, para ser opção no banco. O Vidal para ser opção no banco, ia vir o Oscar, vai voltar o Gerson… Então os caras saem na frente. O Palmeiras também tem uma estrutura financeira muito boa, o mesmo treinador, uma estrutura física com tecnologia de ponta… Esses caras saem na frente, mas não quer dizer que o Fluminense não possa competir, como competiu esse ano. Só que a gente tem que trabalhar muito, no limite.”



Expectativa da temporada 2022

“A expectativa que a gente tinha maior era ganhar ao menos um dos campeonatos que a gente tinha chance, principalmente a Copa do Brasil, onde estávamos perto de fazer a final com chances reais de título. No Brasileiro o Palmeiras fez um campeonato muito consistente. Pontuação que o Fluminense pode terminar já deu título brasileiro em algum campeonato aí para trás. Tem uma frustração por não ter ganho, mas ao mesmo tempo uma alegria muito grande pelo orçamento do Fluminense, as dificuldades que a gente tem de competir com equipes mais bem estruturadas financeiramente e também fisicamente, acho que fizemos uma temporada digna de muitos elogios. Jogadores se empenharam muito, tivemos uma conexão instantânea.”

Conexão com time e torcida

“Eu já tenho conexão muito forte com a torcida do Fluminense, sempre falo isso muito mais por conta de 2019 do que agora. Com as vitórias tudo é bonito no futebol, exagera, não vê defeito. Em 2019, a torcida reconhecia em mim coisas que as pessoas que militam no futebol não conseguiam enxergar. Tinha uma emoção que passava para o torcedor, e ele queria que desse certo. Ficavam divididos entre a frustração dos resultados negativos e o orgulho de ter um time que encarava, com todas as dificuldades daquele momento. O trabalho foi muito bom. Temos uma mania no Brasil de achar que só o que ganha é bom.

Claro que dificilmente um time ganha um Brasileiro sem mérito, mas tem alguns trabalhos que o resultado não aparece e foi muito bom. Exemplo é que o melhor Palmeiras desses três anos é esse de agora, e que não ganhou muitos títulos, a Libertadores que todo mundo quer e a Copa do Brasil. Nosso trabalho de 2019 foi muito difícil e rendeu muitos frutos. Passei esses três anos para voltar melhor, e reencontrar a torcida é motivo de alegria. Ver o Maracanã lotado eu adoro. É uma festa maravilhosa, espero que isso se repita, porque vamos sempre nos empenhar ao máximo.”

Análise do elenco 

“Eu sempre falei que gosto muito do elenco e de ajudar na construção dos jogadores. O Martinelli de hoje não é o mesmo do Martinelli de quando cheguei aqui. O Nonato quando saiu não era o mesmo de quando cheguei. O Alexsander não é mais o mesmo, o Arias também… Então a gente vai construindo os jogadores, e eles ficam extremamente competitivos. A gente tem hoje um jogador genial que é o Ganso, outro que na minha opinião é muito acima da média que é o Arias, tendo o artilheiro do Brasil, da América do Sul e talvez do mundo, que é o Cano. É um trabalho construído, muito forte coletivamente, mas é uma coletividade trabalhada para que os indivíduos possam brilhar. Então muitos jogadores melhoraram e vão continuar melhorando. Tenho certeza que na base tem mais jogadores que vão vingar daqui a pouquinho.

Essa fábrica de Xerém é um dos grandes pilares do Fluminense. Não vamos trazer o jogador pronto, mas lapidar, investir, incentivar para que tenha outros André, Martinellis, Alexsanders, porque acho que tem. E pontualmente contratar. Não adianta contratar um monte de jogador. Não temos dinheiro para trazer o Gerson como o Flamengo tem. É tudo um trabalho mais difícil, quase que investigativo: ver qual o próximo Arias na América do Sul e acertar. Eventualmente vai errar, não vai acertar toda hora. Mas o Fluminense tem que seguir essa linha, porque não vai dobrar o orçamento. A gestão é responsável, está pagando o passivo, e a gente tem que fazer um trabalho diferente. Mas eu acredito no Fluminense e na força da torcida. Aqui no Maracanã, quando a torcida vem como hoje e vários outros jogos, empurra muito o time para frente. Conto cada vez mais com eles.”

Futuro no Fluminense

“É uma tendência (a renovação de contrato), temos uma conexão importante. Temos uma eleição pela frente, é uma das coisas que a gente fica… É uma coisa importante para mim a eleição.”

O que fica de positivo para 2023?

“O que fica é essa conexão que o time está despertando na torcida do Fluminense, talvez formar novos tricolores. O Ganso do jeito que saiu (ovacionado contra o São Paulo)… Isso que forma torcedor. Título e grandes exibições de grandes jogadores. A gente se apaixona por futebol quando vê isso. Que isso consiga ser uma rotina, e consiga trazer cada vez mais a torcida para o estádio e ajudar na formação de novos torcedores. Aproveitar para agradecer muito a torcida, demais.”



Por Explosão Tricolor

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