Balanço da primeira semana de Brasileirão




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.



Amigos, passada a palhaçada que é o ex-campeonato Carioca, começou o ano futebolístico de verdade. Todos sabíamos que o início do Brasileirão seria complicado. A tabela é hostil. 

Mas pior que isso é a incerteza trazida pelas atuações burocráticas. O tricolor está traumatizado pelos últimos anos de lutas hercúleas contra o rebaixamento e logo começou a contagem dos 45 pontos.

Penso que dá para fazermos diferente. Anteriormente, nesta coluna, defendi que o elenco desse ano é melhor que o dos anos anteriores. Também argumentei pela manutenção do Odair, apesar do início de trabalho ruim.

Aí vieram as partidas. Recapitulemos.

Contra o Grêmio, começamos bem. Dodi teve oportunidade de chutar na frente da área, mas errou o alvo. Logo depois, Evanilson obrigou o goleiro do time de três cores do sul a fazer grande defesa, após linda cavada do Marcos Paulo.

Durou mais ou menos 25 minutos. Depois, o adversário foi superior, com Pepê e Diego Souza dando sufoco em Julião e Nino. No final do jogo, ainda construímos uma excelente chance em tabela de Egídio, Miguel e Araújo. O Grêmio foi superior, mas, ao contrário da impressão que tive após a partida, nós criamos sim algumas boas chances.

Na segunda rodada, diante do Palmeiras, vimos uma partida bem feia. Começamos muito mal, e essa vai para a conta do treinador: para escalar o Fred, que até então não mostrou futebol para isso, Odair mexeu no destaque absoluto do time, Evanilson, que foi deslocado para a ponta. De quebra, o escolhido para ser sacado do time foi Marcos Paulo, que, apesar da má fase, tem vaga. 

Logo de cara, Fred perdeu a disputa no pivô e tomamos o gol, com a defesa desprevenida. Pouco depois, se lesionou e deu lugar a Marcos Paulo, com quem crescemos. Rapidamente, Evanilson, de volta para a área, empatou. Depois disso, jogo feio.

Já na última partida, contra o Inter, no Maracanã, começamos sofrendo demais, sobretudo porque o Guerrero fez a festa nas disputas contra o Nino. O adversário perdeu diversas chances, até abrir o placar. No segundo tempo, sim, jogamos bem e conseguimos a virada, com dois gols de pênalti e um gol anulado pela nova regra (estúpida), que anula o lance por qualquer toque da bola na mão do atacante.

Houve uma desesperança forte, porque, entre a primeira metade do primeiro tempo contra o Grêmio e o segundo tempo contra o Inter foi um longo período de futebol ruim. Só que, olhando para os três confrontos, me parece que fizemos mais ou menos o esperado. 

Se fomos inferiores contra Grêmio e Palmeiras, não seria nenhum absurdo se vencêssemos os duelos. Isso também vale para o jogo contra o Inter, em que fomos melhores. Os adversários têm times notoriamente superiores, mas jogamos duas em casa, o que, apesar da ausência de torcida, ainda parece ter bastante influência (até aqui, quase 63% de aproveitamento para os mandantes).   

Com boa vontade, enxergo alguma evolução no trabalho. Mais que na qualidade do futebol, ela se dá na escolha das peças. Não faz muito tempo, tínhamos Digão, Yago e Wellington Silva entre os titulares. Com o tempo, Luccas Claro, Dodi e Michel Araújo assumiram as vagas e têm jogado bem. Infelizmente, perdemos Gilberto, uma baixa considerável, ainda sem reposição. 

É muito pouco, especialmente se considerarmos a persistência de alguns defeitos marcantes, como a inquestionabilidade do Nenê e forçação que foi para encaixar o Fred contra o Palmeiras. Mas, mais importante, entendo que a obsessão de Odair em repetir o esquema com o qual teve sucesso no Inter: um 4-3-3 no qual os volantes vão e voltam com vigor, os pontas jogam mais por dentro, quem abre o campo são os laterais e o 9 faz o pivô o tempo todo.

Acho que a ideia não bate com as melhores peças disponíveis no Fluminense. Se Odair precisa de um 9 que jogue de costas (daí o Fred), temos o Evanilson voando, mas que é muito mais de infiltrar, recebendo de frente. Se o treineiro achou os volantes que marcam e atacam (Dodi e Araújo) e os pontas que centralizam, penso que Marcos Paulo, um dos nossos maiores talentos fica subaproveitado na função. Além disso, Julião e Egídio não têm a capacidade física para dar amplitude à equipe.

Os jogadores também precisam fazer sua parte. Alguns dos nossos melhores não vivem boa fase. Nino, por exemplo, não foi bem até aqui, especialmente contra centroavantes fortes fisicamente. Marcos Paulo também está abaixo do que pode produzir. O Nenê é isso aí. Eu até o acho útil, mas o status de titular inquestionável não condiz com a bola apresentada. 

Contudo, há um horizonte. Que insistamos no 4-4-2, como na última partida, com a dupla de Xerém no ataque, e os meias abrindo o campo. Só que aí não pode ser o Nenê na direita, não tem saúde para isso. Com WS mal e Pacheco sem decolar, ainda carecemos de um jogador para essa função. Aí entra a diretoria.

Em entrevista no início do mês, o presidente disse que temos disponibilidade para contratações. Tá esperando o que? Dois laterais com vigor físico transformariam demais esse time, liberando os meias para jogarem mais soltos. Aliás, o Egídio ainda dá para engolir, mas o Julião não tem a menor condição de ser titular.

Com elenco, treineiro e diretoria trabalhando direito, dá sim para sonhar com alguma coisa. Do contrário, será mais um ano difícil. Que cobremos o cenário favorável.

Próxima partida é contra o Bragantino, fora. Convém reforçar a marcação pelos lados, onde jogam os bons Arthur e Morato. 4-4-2 com os meias abertos voltando bem. Se ficar Nenê e Julião para cobrir a direita, vai complicar. Se o MP ficar de guarda costas do Arthur, não teremos escape.

VENCE O FLUMINENSE!

Tarik Moussallem