Em texto, Carlos Eduardo Mansur analisa Fluminense de Fernando Diniz




Fernando Diniz (Foto: Mailson Santana / Fluminense F.C.)



Através do seu blog, o jornalista Carlos Eduardo Mansur, do ge, publicou um texto sobre o Fluminense estar exibindo cada vez mais traços associados ao estilo de Fernando Diniz. Confira o texto na íntegra:

“Não é habitual um clássico ter estatísticas tão díspares entre os dois times. Diferentes serviços de dados indicam que o Fluminense teve algo entre 74% e 79% de posse de bola diante do Botafogo, o que permitiu ao tricolor trocar 651 passes certos contra 121 do alvinegro. Jogos assim, decididos por placar mínimo, fomentam uma fascinante discussão sobre a interpretação dos dados e sobre as intenções das equipes. Números não bastam para indicar quem jogou melhor, embora no domingo o Fluminense tenha sido o melhor time e o justo vencedor.

Primeiro, é preciso levar em conta que Fernando Diniz e Luís Castro, que por causa de uma suspensão não esteve na área técnica, não competiam pelos mesmos índices. Após uma crise de resultados, o Botafogo buscou um novo jeito de jogar, passou a defender mais atrás e a contragolpear. Não pretendia bater o Fluminense através de volume, embora tampouco quisesse ficar com a bola só 20% do tempo. Além disso, não quis oferecer ao Fluminense uma arma habitual do tricolor: decidiu não pressionar a saída de bola para não dar ao time de Diniz a chance de sair jogando com passes curtos que poderiam expor a defesa alvinegra.

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Já o Fluminense exibe cada vez mais traços associados ao estilo de Diniz: posse, passes, disposição de jogar campo adversário adentro. Antes da chegada do treinador, tinha em média 55,5% de posse e 394 passes trocados por jogo. Nas últimas sete partidas, excluindo por razões óbvias o jogo no alagado campo do Juventude, teve média de 62% de posse e 466 passes. Além disso, chutou ao gol rival 16,8 vezes por jogo, contra 11,5 antes de Diniz. É um time atraente de se ver quando seus jogadores se agrupam para trocar passes. Mas não é um Fluminense fundamentalista da posse. Contra o Atlético-MG, rival que tentou atacar e pressionar, o tricolor fez seu melhor jogo do ano com 43% do tempo com a bola e ataques rápidos em velocidade.

Mas num clássico que era um duelo de intenções, números por vezes iludem. Ao fim de um primeiro tempo de apenas 16% de posse do Botafogo, seria fácil dizer que o Fluminense jogara melhor. Mas, por cerca de 25 minutos, isso não foi verdade. Porque o alvinegro encontrara mais vezes o que queria: os espaços para o contragolpe. Teve uma ótima chance e defendeu bem sua área, limitando as oportunidades claras do Fluminense. Aos poucos, o tricolor assumiu o controle e mal deixou o rival sair de trás. Ainda assim, a diferença de produção ofensiva não é do tamanho da diferença na posse. O Botafogo andou perto de salvar um ponto sem sofrer uma avalanche de finalizações: 11 a 9, apenas. E nos “gols esperados”, estatística que mede a probabilidade de cada finalização virar gol, o alvinegro produziu para 0,77 gol contra 0,63 do Fluminense, de acordo com o Wyscout – pelo ge, o Fluminense produziu para 1,05 contra 0,73 do rival. Ou seja, as diferenças nos números se ligam mais às propostas de jogo do que a um veredito sobre a produção dos times.

O fato é que saiu vencedor um Fluminense que tem uma marca: é claramente um time identificável, com os traços que seu treinador preza, embora seja, dos trabalhos de Diniz, o que alia ao jogo com bola mais doses de competitividade. E este é um grande trunfo. Mas é, também, um time diante de novos desafios. Um deles, adaptar-se à vida sem Luiz Henrique, talento sem reposição no elenco. O outro, preparar-se para lidar com mais times que vão esperá-lo no campo defensivo, negar espaços como fez o Botafogo. Aí, a missão será traduzir seu volume em mais chances, sem expor a defesa. Por ora, há uma só certeza: novamente um time de Diniz nos faz refletir sobre o jogo, enquanto oferece boas sensações de prazer a quem assiste”.

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Por Explosão Tricolor

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