O cercadinho do Conselho Deliberativo




Empate sem graça no campeonato mais sem apelo popular dos últimos tempos. Regulamento confuso e a certeza de que pagamos Premiere à toa. Mas a paixão pelo Fluminense é demais e não conseguimos ficar um único dia sem acompanhar o clube na televisão ou no estádio.

Mas nesta semana, além do Fla x Flu, o grande assunto é a convocação de Pedro Abad e Marcelo Teixeira para explicarem as negociações mal sucedidas da diretoria, em especial a transação envolvendo a venda de Diego Souza para o São Paulo e a polêmica barca do fim do ano passado.

Apenas para recordar, no caso Diego Souza o Fluminense tinha direito de receber 50% do valor da transferência do atleta para o time da capital paulista, que girou em torno de R$ 10 milhões. Porém, um e-mail de Marcelo Teixeira abrindo mão de R$ 4 milhões mudou todo o cenário e o Fluminense acabaria recebendo apenas R$ 1 milhão. O caso ainda está na Justiça, mas o e-mail do MT já está disponível em uma simples pesquisa no Google e no próprio processo digital que envolve o imbróglio, comprovando que ele abriu mão dos valores “em nome do presidente”.

Já na polêmica da barca, o Fluminense, por meio de mensagens de WhatsApp de Marcelo Teixeira e não questionada pelo presidente, o que pressupõe a sua concordância, demitiu oito jogadores sem uma negociação prévia. Só que eles tinham contratos e boa parte já cobra na Justiça a dívida que o Fluminense acabou herdando pela má gestão. Até agora, os valores judicializados estão próximos dos R$ 20 milhões.

A convocação feita pelo Conselho Deliberativo vem em uma hora em que ele é muito criticado por causa da sua omissão nas negociatas que rondam as Laranjeiras. Os dois casos acima são apenas parte de uma gestão temerosa que, de acordo com a legislação atual, já deveria ter saído do clube há muito tempo.

Mas como não se pode esperar muito de um Conselho que trabalha contra o Fluminense e que não investiga nada que se passa em Álvaro Chaves, circula a informação de que as explicações de Abad e Teixeira poderão ocorrer em sessão secreta. É isso mesmo: numa associação em que deveria imperar a transparência, os gastos do clube poderão ser explicados num “cercadinho”.

Isso é tão inacreditável que se estivéssemos em um país sério seria motivo de afastamento imediato dos presidentes do clube e do Conselho, já que unidos no mesmo propósito de infringir a legislação sobre o assunto. Recorde-se que a Lei do PROFUT exige transparência da administração, incluindo informações ao torcedor, e estabelece a possibilidade de impeachment do dirigente que não a observar.

Mas a convocação do Conselho Deliberativo deveria também incluir vários outros temas que comprovam a incompetência da diretoria em gerir clube grande. Comecemos pelo caso Gerson, trazido com exclusividade pelo Explosão Tricolor.

Uma empresa sediada em Luxemburgo, chamada MPI, cobra do Fluminense quase R$ 5 milhões pela venda de Gerson à Roma da Itália. A dívida inicial era próxima de R$ 4 milhões e 400 mil, sendo que ela chegou a essa patamar em razão dos juros e da correção monetária. Isso tudo porque 22,5% dos direitos federativos do atleta foram cedidos à referida empresa no ano de 2013.

Ou seja, mesmo com dinheiro na mão, já que Roma adiantou as parcelas que o Fluminense tinha direito pela venda, a diretoria não quitou a dívida com o grupo empresarial europeu e simplesmente permitiu o seu crescimento em quase R$ 600 mil. Sem dúvida isso merece uma explicação detalhada, até pelo fato de que a empresa, sediada em um paraíso fiscal e registrada em julho de 2012 – de acordo com o site luxembourgbusiness.eu – adquiriu, pouco mais de um ano depois de sua constituição, quase 1/4 dos direitos federativos da maior promessa tricolor da época.

Outra questão que deve ser explicada é a “pejotização” do Fluminense. Tem muita pessoa jurídica criada para “trabalhar” no clube e arrumar uma boquinha nas Laranjeiras. A função e o salário não são divulgados no site do time, como manda a transparência gerencial de uma associação. Sequer o nome da pessoa jurídica é informado.

Além disso, tem “conselho consultivo” pra tudo, e não apenas aquele sem remuneração previsto no estatuto. Apenas para ficar nos “cabeças”, tem o CEO, o Marcelo Teixeira, o Paulo Autuori, o vice de futebol Fabiano Camargo, dentre muitos outros que mandam no esporte bretão e que comprovam a dificuldade de Pedro Abad em gerir o clube.

Em resumo: muita coisa pra explicar e pouca informação prestada até agora. Quando se pensa que o Conselho vai agir em prol do clube, eis que vem a notícia da possibilidade da reunião ser realizada de forma fechada. Um grande balde de água fria na cabeça dos torcedores.

Mas não podemos esquecer que Fernando Simone está de volta. Aquele que em 2016 foi demitido do clube porque era vinculado a Mário Bittencourt, agora serve aos propósitos da diretoria. Comportamento contraditório que reforça a tendência de autofagia institucional.

Por fim, há dois dias o Explosão Tricolor publicou uma matéria sobre a informação do blogueiro e jornalista João Garcez que noticiou que o time pode simplesmente ser impedido de jogar no Maracanã por causa de dívidas com o Consórcio que administra o estádio. Os débitos remontam a 2015 e, como já era de se esperar, não constavam nos balanços contábeis divulgados. Ou seja, mais uma dívida escondida da galera; mais um motivo para o afastamento de Pedro Abad da presidência do clube.

Na verdade, enquanto o Fluminense não adotar a transparência na gestão, continuará refém de maus resultados em campo, já que eles são o reflexo de uma gestão que contrata mal, enfraquece o elenco e apequena o clube.

Cabe à torcida cobrar o respeito às tradições do Fluminense, que é Football Club.

Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura



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