O segundo tempo de um time que resolveu jogar




Luiz Henrique (Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.)



No primeiro tempo, o Fluminense apresentou todos os defeito e problemas que irritaram a torcida nos últimos jogos. O Tricolor não fez uma única e solitária jogada de fundo, não havia aproximação, um-dois, tabela, triangulação e os pontas voltavam muito para marcar. O Flu recuava exageradamente. Parecia um filme repetido. Com os pontas convertidos em secretários de lateral, O Time de Guerreiros foi dominado pelo time misto do Flamengo. Outra vez, o Amado Clube de Laranjeiras jogava para se defender, não se defendia bem e, ao mesmo tempo, não conseguia o contra-ataque.

Os primeiros minutos do segundo tempo seguiram os passos do primeiro. O Tricolor recuado; o Flamengo, por sua vez, buscando o domínio. Sejamos honestos, amigos: em terra de cego, qualquer míope é visionário. Já faz um tempo que em minhas colunas aqui no Explosão, eu reivindico a volta da brasilidade, do drible, do toque de bola e o FIM DA POSSE DE BOLA PELA POSSE DE BOLA! No fundo, o Fluminense entrou no jogo quando abriu mão da covardia e resolveu jogar futebol. O futebol ainda é o mesmo futebol. O fato humano não mudou. O que mudou, para pior, foi o modo de pensar a peleja.

No segundo tempo, as substituições do criticado Roger Machado surtiram efeito. As entradas de Lucca e Nenê oxigenaram o Flu. O ponto de inflexão da partida, contudo, foi a entrada de Luiz Henrique. E eu sempre disse: -as críticas ao Luiz Henrique são injustas. Ele é mais um jogador de beirada de campo, mais um ponta mal utilizado no sistema de jogo de Roger Machado! Roger é um treinador que, até agora, não tira o melhor de seus comandados. Jogadores como Kayky e Teixeira são sacrificados pelo esquema tático e pela proposta de jogo. Os talentosos meninos recuam exageradamente e, por conseguinte, pouco utilizam suas virtudes – a técnica e o drible.

O Fluminense entrou no jogo quando os pontas foram pontas, quando buscou a aproximação dos jogadores de frente e do meio, quando buscou o jogo de fundo, quando fez uso do potencial e do talento dos jovens. Em resumo: o Pó de Arroz incorporou um pouco da brasilidade, do modo de jogar que nos identifica como povo e nação. O gol não foi mero acaso, um acontecimento isolado. Não. O gol da vitória no Fla x Flu foi uma prova empírica, o fato que confirma nossas hipóteses sobre o Tricolor em 2021. Precisamos explorar o potencial dos jogadores, a virtude de cada peça e, para isso, o treinador a precisa encontrar a melhor posição e função para cada jogador.

-Ao que parece, amigo leitor, não estávamos enganados com relação ao óbvio! Cada um de nós precisa ser brasileiro em tudo: notadamente na forma de jogar futebol! Chega de frescobol, compactação das linhas, estatísticas vazias e outras expressões que não significam nada! Precisamos do drible…viva a brasilidade!

Teixeira Mendes