Quem me acompanha, sabe que durante o processo eleitoral procurei focar mais nos problemas financeiros do Fluminense. As duas entrevistas que realizei com o Mário Bittencourt e Ricardo Tenório sinalizam bem a minha preocupação. Futebol? É o carro-chefe, mas jogando de forma bem aberta, não acredito que o patamar subirá imediatamente. Fica até uma pequena esperança de que a nova diretoria tenha alguma carta na manga, mas prefiro seguir com os pés no chão.
A situação financeira do Fluminense é muito grave. São quase R$ 700 milhões de dívidas, sendo que cerca de R$ 240 milhões são a curto prazo. Ou seja, o clube está com o seu fluxo de caixa totalmente estrangulado. Não me surpreenderá se o presidente Mário Bittencourt declarar que, após uma análise realizada pela sua equipe, a situação é ainda pior do que andou sendo divulgada. Pessimismo? Nada disso. Não custa nada lembrar que o ex-presidente Pedro Abad, segundo ele mesmo declarou, descobriu um rombo de R$ 170 milhões no seu terceiro dia de mandato. E olha que ele era presidente do Conselho Fiscal na gestão Peter Siemsen…
Ao longo dos últimos anos, a falta de transparência foi algo que imperou nas Laranjeiras. Para que não fique nenhuma dúvida, a atual diretoria tem a obrigação de realizar uma profunda auditoria contábil Big Four. Além de dar uma satisfação ao torcedor, ela serviria para mostrar ao mercado que o Fluminense está no caminho correto para voltar a ter credibilidade.
A ausência de “ratings” no mundo do futebol é um grande impeditivo para que os clubes possam viabilizar créditos com taxas mais atrativas e até atrair investimentos externos. Por isso é de extrema importância que a nova diretoria do Fluminense levante essa bandeira da auditoria.
Outro ponto importante é a profunda revisão de todo o BackOffice do clube. O custo mensal de R$ 3,7 milhões está totalmente fora da realidade das finanças do Fluminense e até do que é pago no mercado. Só para fins de comparação, a folha de futebol gira em torno de R$ 4 milhões. Isso está muito errado. E não é pouco não…
Espero que a nova diretoria coloque ordem na casa e, principalmente, resgate a credibilidade do Fluminense.
Saudações Tricolores!
Vinicius Toledo
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