Protagonismo entre treinadores brasileiros, boa campanha no Brasileirão, variações no meio-campo e muito mais: leia a entrevista coletiva de Odair Hellmann




Foto: Mailson Santana / Fluminense F.C.



Comandante tricolor concedeu entrevista coletiva após vencer o Fortaleza

Após a vitória do Fluminense por 1 a 0 sobre o Fortaleza, na noite deste sábado (31), o técnico Odair Hellmann concedeu entrevista coletiva na Arena Castelão. O treinador tricolor falou sobre o triunfo diante do time cearense, protagonismo entre treinadores brasileiros, boa campanha no Brasileirão, variações no meio-campo e muito mais. Leia a íntegra abaixo:

Vitória sobre o Fortaleza 

“Tivemos domínio total da partida, a não ser nos 5 minutos do 1º tempo. O Fortaleza entrou muito forte, conseguiu estabelecer o domínio territorial, mas rapidamente a equipe se organizou e estabeleceu muito bem todas as fases do jogo. E foi muito forte na imposição do nosso jogo, na construção. Fomos colocando cada vez mais o Fortaleza para baixo, do bloco médio/alto para o bloco baixo. Tomamos decisões importantes, não ficamos nos desfazendo da bola, não ficou cruzando bola para a área. Trabalhamos incessantemente para que construíssemos essa vitória através do nosso volume.

A equipe se comportou muito bem em todos os momentos da partida. Porque quando você tem domínio territorial com a posse, acaba se expondo, ainda mais um em uma característica forte do Fortaleza, que é o contra-ataque. Mas a equipe evitou isso. A equipe fez uma grande partida em todos os sentidos e por isso mereceu a vitória.”

Duelo tático

“Eles têm a melhor defesa do campeonato. Se estabeleceram muito bem em bloco baixo. Precisávamos fazer não só essa troca de passe em velocidade de um lado para o outro para desestabilizar, mas também ter o 1 para 1. Fiz a opção de colocar o Marcos Paulo no lugar de um centroavante, apesar de nesses momentos costumarmos colocar mais um, porque tem muito cruzamento, mas justamente não coloquei mais um para não dar essa sinalização de ficarmos apenas cruzando bola na área, para que trabalhássemos, variássemos a jogada para conseguir o gol.”

Não utilização de Luiz Henrique

“O Fluminense fez essa operação. Mas é importante lembrar que ele participou do jogo-treino. Era mais uma opção, com características técnicas diferentes. Mas talvez a posição que temos mais jogadores é esse lado do campo. E aí vai ser essa disputa sadia e terei que fazer as escolhas. Em determinado momento farei as escolhas por alguns pelas características, outros jogos por outro. É um jogador importante, como todos os outros, só que na análise do jogo, precisávamos, principalmente naquele momento do 2º tempo, de um jogador de 1 para 1, que tivesse o drible, pois estávamos com domínio e superioridade, não deixando eles fazerem o contra-ataque. Foi opção minha de não colocá-lo neste jogo. Ele estará apto para o próximo jogo e aí visualizaremos as escolhas dentro da estratégia e dentro das variações táticas.”

Elogios ao elenco tricolor

“Aproveito esse momento simbólico de fim do 1º turno com a pontuação que fizemos e com o campeonato que estamos fazendo, para fazer um agradecimento e parabenizar os jogadores. Pelo respeito, pela dedicação, por terem assimilado e comprado a ideia de jogo, pelas variações que nós temos, sempre fazendo mudança de alguns jogadores, buscando sempre o melhor para o Fluminense. Estamos conseguindo estabelecer esse respeito e essa competição dentro do grupo. Orgulho muito grande desse grupo. Assimilou rapidamente o contexto da competição. Por isso estamos fazendo essa campanha. E é emblemática, por tudo o que o clube vem passando nos últimos anos.”



Variações no meio-campo

“Hoje joguei só com um volante, né? Não posso deixar de brincar. Só com o Hudson. Apostamos nessa situação de lateralizar Yago e Hudson nessa variação. Uma variação diferente do tripé que temos usado e tem dado resposta positiva. São variações que estamos usando desde o início do ano. E tem se consolidado. Durante a semana ficamos um pouco na dúvida, porque quando o sistema encaixa, fazer essa mudança logo de início pode não trazer o mesmo padrão que a anterior estava dando. Foi importante, porque gera uma confiança. A estratégia muda para cada jogo, para cada adversário. Os conceitos centrais estão estabelecidos, independentemente do sistema.”

Retorno de Yago Felipe 

“Ficamos um pouco com dúvida com relação a ele, porque estava voltando de lesão. Esperamos um pouco mais para o fim da semana e pudemos confirmá-lo nos treinamentos. Fico feliz, porque, independentemente da variação que estamos usando, a resposta tem sido positiva e prova que estamos conseguindo performar e alcançando os resultados.”

Críticas da torcida a Ganso

“O Ganso é um jogador importante. Não tenho conseguido oportunizá-lo em tantos jogos. Os jogadores que estão jogando estão performando. Faz parte do grupo, é muito importante e quando tenho usado no decorrer da partida e agora desde o início tem dado boa resposta, tanto coletiva, quanto individual. É assim que conseguimos fazer essa caminhada. Não é individualizando, não é personalizando. Aqui visamos o bem estar do grupo, o contexto geral.”



Boa campanha no Brasileirão após eliminações na Sul-Americana e na Copa do Brasil

“Eu não dou desculpa. A responsabilidade das eliminações é minha, como treinador. Os jogadores tentaram, deram o melhor, mas não conseguimos e a responsabilidade é minha. Mas há um contexto por trás disso tudo e não podemos avaliar futebol com uma paixão cega, porque senão não enxergamos nem o bom, nem o ruim. Da mesma forma, eu, como treinador, tento ter esse equilíbrio, para poder avaliar também em uma vitória coisas a melhorar e enxergar na derrota o que acontece de bom.

A Sul-Americana nos pegou em um contexto totalmente atípico, em uma formação de grupo. Tínhamos jogadores lesionados, alguns não-inscritos. Empatamos os dois jogos, sofremos um chute a gol do La Calera no Maracanã e eles fizeram o gol. Estávamos na formação de um grupo diferente do do ano passado.

Fizemos um excelente Campeonato Carioca. Não conseguirmos ser campeões, mas fizemos grandes finais. Lembrando que retomamos da pandemia com 8 dias de treinamento. Aí veio o Brasileiro e a Copa do Brasil. E a Copa do Brasil pega no meio de uma competição onde estávamos em busca de um ajuste de característica, de sistema. Dois dias depois a gente fica sabendo que dez jogadores estavam com Covid, então provavelmente eles já estavam na partida. E não é desculpa. Perdemos e temos que assumir a responsabilidade da desclassificação e aprender com isso para que não aconteça outras vezes. Mas tem um contexto.

Pegamos o Atlético-GO em seu melhor momento, quando estava ajustado com o Mancini. Cometemos erros durante a partida. Mas rapidamente conseguimos nos reerguer rapidamente e dar uma resposta no Campeonato Brasileiro e estamos conseguindo fazer essa caminhada. Mas ainda não chegamos a lugar nenhum, não ganhamos nada. Fizemos um grande 1º turno e temos que seguir daqui para frente para fechar o Brasileiro muito bem.”

Protagonismo entre treinadores brasileiros

“Não avalio por nacionalidade. Há técnicos brasileiros e estrangeiros que estão fazendo grandes trabalhos. É questão de oportunidade, momento, competência. Quando a questão de protagonismo, eu não sou protagonista, quem é protagonista é o Fluminense Football Club. Nem os jogadores, nem o Odair. Aqui é um contexto coletivo e não podemos personalizar e individualizar nada. A responsabilidade é do treinador e assumo isso principalmente nas derrotas. Estou aqui para blindar e dar confiança ao grupo. Temos que ter muita tranquilidade nesta caminhada. Protagonismo é do grupo, do clube, do Fluminense.”

Por Explosão Tricolor

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