Respeita a nossa base!




“O Flamengo jogou com time reserva”; “entrou o sub-20 em campo”; “o jogo foi longe do Rio”. Essas frases e muitas outras foram ditas reiteradamente nas redes sociais e na conversa de botequim como se pudessem esconder aquilo que o mundo inteiro viu: mais uma goleada do Fluminense contra o Flamengo.

E não foi uma goleada qualquer. Foi um sonoro 4 a 0 com direito a frear no fim do jogo para poupar o time. Basta lembrar da partida para verificar que raras foram as chances de gol do Flamengo. O Fluminense mandou nos 90 minutos. Ponto para Abel Braga e sua turma que, aos poucos, vai tomando corpo de equipe e se impondo em campo.

A merecida vitória, porém, não pode apagar alguns fatos que tiveram pouca repercussão e que significam muito para o futuro do clube. Situações que exigem da diretoria uma postura mais aguerrida e transparente de respeito ao patrimônio do clube.

Estou falando diretamente da reportagem de Pedro Gilio, setorista do Fluminense que trabalha para o canal Esporte Interativo. Conforme matéria publicada no último dia 23, sexta-feira passada, no final de 2017 o Flamengo tentou levar nada menos que 40 moleques de Xerém para a Gávea. São meninos do sub-7 ao sub-13 que foram assediados durante as férias de fim de ano.

Ainda segundo a reportagem, como o Fluminense estava – e ainda está – vivendo um momento de instabilidade política, o Flamengo, literalmente como uma ave de rapina, tentou convencer as famílias dos moleques a trocarem de clube, obtendo sucesso em seis casos de acordo com o Fluminense e em dez de acordo com o rival.

A legislação brasileira é muito falha na defesa dos clubes formadores de atletas. De acordo com a Constituição Federal, nenhuma criança pode assinar contrato, por si ou por seus pais ou quaisquer outros representantes legais, sendo que isso somente é permitido aos adolescentes com 14 anos completos. Em outras palavras, isso justifica o assédio rubro-negro aos jogadores de até 13 anos, já que eles não possuem contrato firmado.

Como todos sabemos, o Fluminense detém o título de “clube formador” expedido pela CBF, o que demonstra que ele cumpre os requisitos para a formação de jogadores previstos na Lei Pelé. Isso significa que a nossa base possui todos os requisitos para o desenvolvimento do atleta, o que certamente foi alvo da cobiça do rival que aproveitou o péssimo momento do clube para correr atrás dos nossos futuros craques.

O clube formador, cujo período de formação vai dos 14 aos 20 anos de idade, tem direito de indenização em caso de transferência do jogador em percentuais que podem chegar a 5% do valor da transferência, dependendo do tempo em que o atleta permaneceu no clube.

Em outras palavras, preocupada com a formação de jogadores, a legislação trouxe mecanismos para tentar proteger a agremiação que os forma, garantindo assim o devido retorno em caso de eventual transferência. Mas, como dito, tal não é previsto para os meninos que ainda não atingiram a idade mínima.

Ainda segundo o repórter Pedro Gilio, há um código de ética entre os grandes clubes brasileiros que veda o assédio a atletas nesta faixa etária e até mesmo naquela em que eles podem assinar contratos. Contudo, no caso em questão, esse acordo não foi respeitado e o Flamengo tentou levar os jovens craques tricolores na “mão grande”.

O mais interessante foi a justificativa estúpida apresentada por eles. Segundo a reportagem, o clube soltou uma nota em que afirma não procurou nenhum dos “molequinhos” de Xerém, sendo que os próprios pais que foram atrás do clube da Gávea em virtude de possuir uma melhor estrutura. No entanto, a reportagem não deixa dúvida que houve uma ofensiva rubro-negra em cima dos jogadores tricolores, desmentindo por completa a nota que eles apresentaram.

Interessante que o setorista tricolor ouviu alguns pais sobre o assunto. As principais alegações para deixar o clube das Laranjeiras e ir para o Flamengo foi a instabilidade política, melhor infraestrutura do outro lado e medo do fim dos projetos tricolores em razão das várias disputas internas. Já os que ficaram disseram crer no projeto de formação e visualizaram a possibilidade de seus filhos jogarem na Europa por meio do projeto “Flu-Samorim”.

Resumo da história: o Flamengo praticou uma conduta antiética e não respeitou a base tricolor. Por sua vez, a diretoria do Fluminense, em vez de dar uma resposta à altura do ataque sofrido, permanece em sua firme posição de não enfrentar o rival fora de campo.

Desde a demissão de Pedro Antônio ficou muito claro que o Fluminense adota uma postura de subserviência aos interesses da Gávea, e por mais que eu tente entender a razão pela qual isso acontece – e olha que me esforço – não consigo vislumbrar um único motivo justo para essa passividade da diretoria a não ser o fato de que ela não consegue gerir um clube do tamanho do maior Tricolor do país.

É claro que a maior parte da responsabilidade neste caso é do Flamengo, que adotou uma conduta contrária àquela definida pelos próprios clubes do futebol brasileiro. Contudo, espera-se que a diretoria das Laranjeiras adote uma conduta compatível com a grandeza do clube.

Solução? Valorizar cada vez a nossa categoria de base, inclusive com investimento na infraestrutura, já que este foi um dos motivos negativos destacados pelos pais dos pequenos atletas. Além disso, peitar o Flamengo assim como os jogadores fizeram em campo no último sábado.

Que os 4 a 0 se reproduzam também fora do gramado!

Ser Fluminense acima de tudo!

Evandro Ventura



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