Revitalização das Laranjeiras, reconstrução financeira, gramado sintético, saída de Diniz da Seleção e muito mais: leia a entrevista coletiva de Mário Bittencourt




Mário Bittencourt (Foto: Fluminense F.C.)



Mário Bittencourt concedeu entrevista coletiva no CT Carlos Castilho

No fim da manhã desta terça-feira, o presidente do FluminenseMário Bittencourt, concedeu entrevista coletiva à imprensa no CT Carlos Castilho.

Confira abaixo a íntegra da entrevista coletiva:

Possível retorno de Thiago Silva

“Sobre Thiago Silva, a última conversa que a gente teve não foi recente. Ele disse que só vai definir o futuro após o término do contrato dele com o Chelsea. Não temos que criar expectativa. Ele é um grande ídolo nosso e um grande amigo também. Ele vê os nossos jogos, manda mensagem para o Marcão. Tenho o sonho de trazer ele, sim. Trazer um jogador desse não é um esforço, é um prazer.”

Ausências de propostas por André 

“Tivemos uma proposta pelo André de 30 milhões de euros do Liverpool e dissemos “não” porque tínhamos determinado, em comum acordo com o jogador, que não iríamos vender o atleta porque queríamos vencer a Libertadores. De lá para cá, tivemos uma segunda proposta, de um clube inglês, num valor bem abaixo dos 30, que recusamos, por entender que era abaixo do que o Fluminense espera pelo jogador. A situação não nos preocupa porque a relação com o André e o Carlos Leite (empresário do jogador) é muito correta. Ambos aceitaram a permanência e ambos entenderam que ele tem que ir para um lugar que ele quer ir.

Estamos dentro do clube, sabemos o que acontece aqui dentro. Pode ser que vocês tenham uma surpresa e ele vá embora nas próximas 24 horas. Ou, que chegue uma no meio do ano para ele ir embora. Acredito que até o meio do ano aconteça, porque é importante para ele e para o clube financeiramente.

Sempre repito: tem uma proposta menor para o clube, e boa para o jogador, e uma boa para o clube e ruim para o jogador. A cabeça dele tá muito boa, e é o que eu mais me preocupo. Ele tem a expectativa de ir, porque cumpriu um combinado em ficar, e eu também cumpro combinados. A janela fecha daqui a dois dias. Existe a possibilidade de chegar uma proposta nos próximos dois dias, e aconteça a venda que seja boa para o clube e para o jogador. E existe a chance dele ir no meio do ano, a venda acontecer agora para ele acontecer no meio do ano. Recusamos o Liverpool para priorizar a Libertadores. Fui muito criticado, porque falaram que era uma irresponsabilidade financeira. Se tivesse vendido, seria uma irresponsabilidade esportiva.”

Proposta da Rússia por Jhon Arias 

“Sobre o Arias: saiu em algum lugar que ele recebeu uma proposta da Rússia. É verdade. Ele não quis ir, e também não entendemos que o valor era legal. Se ele dissesse que queria ir, iríamos tentar convencê-lo a ficar e chegar a um valor. Não tivemos nenhuma sondagem também. Pode ser que quando eu chegar a minha sala, abra o e-mail e veja ali uma proposta, mas até hoje foi só isso. Já disse isso a ele e ao representante. Ele entende a idolatria e os anseios do jogador. O próprio Arias já falou sobre. A gente não sabe. Pode chegar algo que não consigamos cobrir em hipótese alguma. Falamos com o Nino para ficar, para ganharmos a Libertadores, falamos com o André. O André recusou o Liverpool para ganhar a Libertadores. Precisamos reverenciar isso.”

Reajuste de valores de patrocínios

“Temos que tomar muito cuidado sobre esse valores do mercado. Temos que tomar muito cuidado com isso. Tem muita gente que diz que recebe 60 (milhões), mas recebe 20 e os bônus são de 40. Então não é verdadeiro. Aqui a gente trabalha com a verdade. Patrocínio é a mesma coisa. As notícias em nada nos afligem. Para nós não importa. Quem conhece o mercado sabe que as empresas se falam.

Sobre o nosso caso, temos uma relação muito boa com nossos parceiros. Temos credibilidade na relação. De pagar credores, de relações. Não é diferente com o nosso patrocinador máster hoje, que temos que lembrar que acreditou no clube num momento de dificuldade. Se continuar, vai ter relação de respeito. Se não continuar, também, porque eles podem voltar para cá. A relação é excelente, mas dissemos ao nossos parceiros que os valores estão defasados. Vamos buscar do parceiro um valor que ele pode pagar, que ele pode pagar e não como estão divulgando (propostas irreais).”

Quantos reforços ainda podem chegar?

“Creio que a gente ainda vá fazer uma ou duas contratações no início da temporada ou no meio do ano. Futebol é um baralho que mexe muito rápido. Pode ser que tenha alguma saída de atleta. Estamos procurando trabalhar com um pouco mais de preocupação e ter um elenco de reposição – afirmou o dirigente.”

Reconstrução financeira

“Para 2024, nossos dois diretores, o Paulo e o Fred, fizeram um desenho esse ano no sentido de que a gente pode se tornar ainda mais competitivo que em 2023. Conquistamos a Libertadores que era um sonho nosso. Isso nos dá a responsabilidade de manter o Fluminense disputando títulos em 2024. Temos a busca pelo bicampeonato, a Recopa, o tri do Estadual, o Brasileiro, a Copa do Brasil… Entendemos que eram necessárias algumas contratações. Isso, em momento algum, afeta o nosso planejamento financeiro. O Fluminense ainda é um clube em reconstrução financeira.”

Reforços dentro do orçamento

“Quase todos os reforços que vieram pro Fluminense tinham propostas financeiras maiores, casos do Renato (Augusto) e do Douglas Costa. Mas optaram vir para o clube para disputar a Libertadores, para poder trabalhar com Fernando Diniz. Todos acreditam no projeto Fluminense.”

Dívidas do Fluminense

“Tudo que foi feito ate aqui foi feito com o que a gente tem de receita. Nada foi feito pensando em possíveis receitas futuras. Caso no meio do ano, a gente precise fazer um outro investimento, temos uma “gordura” para isso. A gente nos primeiros cinco anos, a gente equilibrou a divida. Agora a gente tem o planejamento de matar a divida. A gente conseguiu equilibrar a divida e conseguir resultados esportivos.”

Orçamento para 2024

“Vamos ter reunião de orçamento amanhã (quarta-feira). Por conta do mundial em dezembro, atrasamos um pouco. Mas vamos meter os pés no chão, dentro do que já conquistamos e podemos conquistar. Os clubes fazem escolhas gerenciais. Vamos pegar os últimos cinco anos e vamos ver. No equilíbrio você vai ver que no ano passado batemos as metas com louvor. Vamos manter o que estimamos e no final do ano vamos ver se vamos bater.”

Interesse do Feyenoord por Guga 

“Não chegou proposta pelo clube. Vi a notícia. Às vezes acontece de recebemos proposta por e-mail. Antes de negar, eu vi a notícia e mandei mensagem para minha secretária pedindo para olhar os e-mails se chegou alguma proposta. Liguei para o Angioni e para o Fred. Mandei mensagem para o pai do jogador. O pai do jogador respondeu que não sabia de nada. Por fim, eu entendi que o representante podia ter sido procurado. O representante disse que uma pessoa da Holanda iria procurar o clube. Ontem, um representante nos ligou e perguntou se tínhamos interesse em vender o jogador. E nós não temos o interesse. Mas não chegou proposta.”

Importância de Xerém

“O Fluminense tem que se orgulhar de Xerém. Se o Fluminense chegou vivo em 2019, é porque teve jogadores para vender. Somos um clube vendedor. Temos que continuar vendendo. Além das grandes vendas, vamos começar fazer vendas menores de jogadores que a gente sente que não vai absorver. A CBF acabou com o sub-23. Esse time que está no estadual jogariam o sub-23. Temos que criar uma linha de fazer vendas menores para jogadores que não vamos aproveitar no profissional.”

Saída de Fernando Diniz da Seleção Brasileira

“A CBF deixou muito claro para gente que o Diniz ficaria até o meio do ano de 2024 e depois chegaria o Ancelotti. Inclusive foi ofertado para o Diniz continuar, junto com o Ancelotti, mas ele recusou. Agora falando como tricolor, fiquei muito feliz que o Fernando ficou no Fluminense e que a gente possa ganhar outra Libertadores.”

Gramado sintético

“Tem que perguntar a quem tem o campo sintético, se fazer cinco shows paga o time de futebol. Se é melhor perder um título e fazer cinco shows. Eu prefiro ganhar um título. Vou ser terminantemente contra. Em nenhuma liga grande do mundo, se joga no campo sintético, porque os jogadores não gostam de jogar, e porque é ruim mesmo, porque muda o estilo de jogo, a batida da bola e tudo isso.

Tem time que tava na liderança do campeonato, tirou do gramado sintético para receber show, colocou em gramado natural e perdeu o jogo. O próprio técnico do Grêmio disse que se fosse em gramado sintético, o Suárez não jogaria.

Eu me atenho ao critério desportivo, porque eu acho que beneficia quem tem. Causa um desequilíbrio na competição, e acho que, financeiramente, com todo o respeito, não é possível que você gaste milhões de reais com os jogadores ao longo de um ano, e não tenha dinheiro para manter um campo de futebol. Essa semana, quando aconteceu a história da gosma (no Allianz Parque), recebi oito mensagens de oito presidentes dizendo: “Olha aí, não dá pra continuar com isso”. Então a gente tem que rever. Mas isso é uma coisa de conselho arbitral, tem que ser decidido pelos clubes e pela CBF.

Quem defende o gramado sintético vai dizer que tem estudos dizendo que não aumenta a quantidade de lesão, e quem é contra vai dizer que aumenta, certo? Eu defendo por princípio do jogo. Eu acho que o futebol sempre foi jogado em grama natural, e que o gramado sintético muda o jogo. É um outro jogo.”

Revitalização das Laranjeiras 

“Potencial construtivo é algo que estamos tentando ver para a propriedade das Laranjeiras. Lei tem de ser aprovada na Câmara do Rio de Janeiro. O Vasco também tem uma, que não é junta a do Fluminense. Conversei com o Eduardo Paes.

Se sair, o dinheiro será utilizado para revitalização das Laranjeiras. Tem de ver até para esses inícios de Estadual podermos fazer esses jogos e até poupar o Maracanã. É algo embrionário, mas não para agora. Se formos aprovados, podemos até conseguir começar a obra agora, mas jogar em 2025 é difícil. Talvez consigamos deixar esse legado pro início de 2026.”

Contratação de mais um zagueiro 

“O que o Fernando (Diniz) conversou conosco é que ele quer primeiro olhar esse início de temporada. Temos zagueiros. As pessoas ficam falando, até nos estádios, como se não tivéssemos zagueiros. Temos no elenco o Manoel, me ajudem aí, Antônio Carlos, que trouxemos, Marlon, Felipe Melo, David Braz, Luan Freitas e o Thiago Santos. Vocês sabem a maneira como ele trabalha, já usou o André como zagueiro, Martinelli. Ele nos ajuda muito no planejamento porque analisa as possibilidades todas para não sairmos contratando e ficarmos com o elenco inchado. Fernando gosta de trabalhar com elenco mais enxuto.

Temos que esperar um pouco o baralho mexer nesse início de temporada. Eu falei aqui uns quatro anos atrás que quem tem seis zagueiros tem cinco, quem tem cinco, tem quatro, quem tem quatro, não tem nenhum. Fui extremamente criticado aqui, mas era uma experiência minha quando fui vice de futebol. Na época eu pedi ao presidente para trazer um zagueiro a mais e ele disse que não precisava. Três se machucaram ,os dois volantes quebraram o nariz e terminamos a temporada improvisando meias de zagueiros.

Temos um treinador que é diferente nesse quesito. Se o André não sai agora, vocês sabem como ele joga no segundo tempo, passamos a ter mais um zagueiro que é o André. Nessa posição vamos esperar mais um pouco, a não ser que surja uma oportunidade espetacular com custo baixo.”

Fluminense antecipou verbas da Liga Forte Futebol?

“Essa verba não é antecipação (dos direitos da Liga) e sim compra de 20% dos direitos televisivos e comerciais dos clubes por 50 anos. Isso é para ser pago em parcelas. O investidor antecipou a primeira parcela por pedido de alguns clubes.

O Fluminense recebeu a primeira e tem outras a receber. O Fluminense tem caixa único. Tem centros de resultado diferentes. O dinheiro entrou no caixa do clube e foi utilizado pelo clube. Parte pagou salário, prêmio da Libertadores, dívida, logística do futebol, dia a dia. Tem parte que ainda está no caixa… Se vier investidor para colocar dinheiro novo no clube, aí não. Aí muda. É para pagar dívida e investir no futebol.

Ganhamos uma premiação grande de Libertadores. Parte foi para pagar o prêmio e parte ainda está no caixa. Ainda não recebemos o dinheiro do Mundial. Já pagamos toda a logística (viagem à Arábia, hospedagens etc). Fizeram uma promessa de pagar entre 20 e 25 de janeiro, mas ainda não recebemos.”

Rivalidade com o Flamengo

“Vou discordar elegantemente de você (jornalista). Acho que a gente não é uma pedra no sapato do Flamengo. Somos o grande rival do Flamengo desde o primeiro Fla-Flu. E vice-versa. É uma rivalidade bonita, sadia, cada um defendendo suas cores. A diferença neste momento é a questão do investimento. O Flamengo tem um investimento grande por seus méritos, passou por um período de reconstrução.

Eu mirava muito a gestão do Bandeira (de Mello, ex-presidente do Fla). Suportou muitas coisas lá ao longo de seis anos para entregar um Flamengo mais equilibrado para os dirigentes que chegaram depois que também são muito competentes. Temos uma história que não é da minha gestão para cá. Tem os dois gols do Assis, do Renato. E do lado de lá o Flamengo tem as suas vitórias também.

Nos últimos quatro estaduais eles ganharam dois e nós dois. O trabalho do lado de lá é muito bom. Eles têm duas Libertadores recentes, sempre disputando o topo. Pelo trabalho competente que fazem e pelo investimento que possuem.”

Tratativas com o Banco BTG na busca por investimentos para o Fluminense

“As conversas seguem, o projeto segue. Eu tenho muita tranquilidade de ele ser demorado. Quanto mais demorada a construção, melhor. Está provado que quem saiu correndo talvez não tenha feito grande negócio. Estamos bastante avançados, alinhados. Quando acontecer a chegada do investidor será um desenho diferente desses que aconteceram recentemente.

A gente já está definido internamente que não venderemos o controle do clube. Mas tem gente que vende? Tem, até bastante, com desenho financeiro jurídico interessante. Não vou dar prazo, mas acreditamos que ao longo de 2024 estará caminhada, sedimentada, definida para mudar o rumo definitivamente financeiro do clube.”

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Por Explosão Tricolor

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