SAF: cortina de fumaça ou balão de ensaio?




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.

SAF: cortina de fumaça ou balão de ensaio? (por Lindinor Larangeira)

A Lei 14.193/21 instituiu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Entrando no quarto ano, a legislação, que veio com o objetivo de trazer uma gestão mais profissional e transparente aos clubes brasileiros já apresenta alguns resultados. Os mais notórios de Botafogo, Cruzeiro e Vasco.

O clube mineiro, estava praticamente falido e frequentava as páginas policiais. Só um fenômeno para mudar esse estado de coisas. Ronaldo Fenômeno adquiriu o clube que defendeu em campo e fez uma reestruturação profunda no Cruzeiro. Depois, passou o controle acionário ao empresário Pedro Lourenço. A SAF é de segunda mão, mas o investimento do bilionário mineiro tem sido de primeira.00

A Estrela Solitária voltou a brilhar no ano de 2024. Talvez seja o case de sucesso mais rápido da breve história das SAFs no Brasil. A questão é: será que o investidor vai seguir aportando capital no projeto e mantendo a competitividade do clube? O futuro e John Textor dirão.

Já o Gigante da Colina, talvez seja o caso mais emblemático de uma iniciativa, a princípio, fracassada. Nada que não possa ser solucionado, com investidores ou empresas idôneas, aportando recursos no tradicional clube carioca.

Segundo estudos, quase uma centena de agremiações no Brasil, em todas as séries do nosso futebol aderiram ao novo modelo. Ou seja, não se trata de uma modinha, mas de algo que veio para ficar. 

No Fluminense, desde outubro do ano passado, o tema ganhou bastante tração. Em entrevista coletiva, o presidente Mário Bittencourt informou que, em torno de um mês, poderia divulgar possíveis investidores em uma SAF tricolor.

As especulações aumentaram bastante neste ano. Toda semana alguma novidade surge no noticiário. Inclusive,  já apontaram como possíveis investidores os empresários André Esteves e Guilherme Paes, que imediatamente negaram a possibilidade.

O mais estranho é perceber o comportamento de alguns colunistas, tidos como respeitáveis, que como boa parte dos influencers passadores de pano, assumem o papel de garotos de recado. Não sei ao certo de quem.

Essas notas recorrentes, que têm servido para fomentar acaloradas discussões, em minha opinião, servem a dois objetivos: como cortina de fumaça e balão de ensaio.

Cortina de fumaça para deslocar a principal discussão do início de temporada, que é a formação de um elenco equilibrado e competitivo.

Ao invés de gastar energia com uma possibilidade futura, o que faz a direção do Fluminense, no finzinho da janela para trazer um meia criativo, que entre e jogue? Ou um lateral melhor do que tem sido Samuel Xavier e mais regular do que Guga?

Temos um jovem promissor na base, Júlio Fidelis, que já deveria, com todas as cautelas, ter sido integrado ao elenco principal. Ou será que o moleque vai ser mais um negociado, como mais de 20, no ano passado?

Outro aspecto em que a cortina de fumaça é uma distração eficaz é em relação a algumas contratações bem marotas. Como a de um jogador de 30 anos, que ganhou quatro temporadas de contrato, mais uma cláusula de prorrogação por um ano. Tremendo plano de previdência.

E outro em que o Fluminense era credor e passou a ser devedor do clube, em que o atleta, como no caso do anterior, era reserva. Parece que a atual diretoria, além de não valorizar a base, tem uma fixação por refugos de outros clubes.

Enquanto isso, também causa profunda estranheza que a chamada “grande imprensa” não fure o balão de ensaio. Nada de concreto é dito pelo porta-voz oficial do clube sobre o assunto SAF. Só um discurso repetitivo, verdadeiro “embromation”, como diria o Papai Joel.

O que quer a direção do clube? Empurrar goela abaixo dos associados um pacote pronto, sem qualquer discussão? Pior: com um enorme conflito de interesses? Já que o atual presidente afirma ter plenas condições de ser CEO de uma futura SAF?

Transparência, senhores. Esse é o nome do jogo. Se os estudos do BTG têm mais de dois anos, por que só um grupo restrito de pessoas tem conhecimento desse trabalho? A torcida precisa conhecer.

Por que não abrir essa caixa-preta e ser transparente com a torcida? Ou será que, como diz o povão, “tem caroço nesse angu”?

Por que não apresentar os estudos e o modelo de governança desse projeto ao torcedor?

Dizer que “vai apresentar na hora certa”, lembra uma frase de um ministro de triste memória, que durante a pandemia da COVID disse que a vacinação começaria “no dia D e na hora H”.

Chega de balão de ensaio e cortina de fumaça. A hora é de papo reto, senhores.

PS1: #SAFComMarioCEONao

PS2: A janela está fechando e cadê o meia?




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