Alter ego




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.

Buenas, tricolada! Como escrever e opinar depois de um fiasco como o que o Flu protagonizou contra o fraquíssimo Unión La Calera, do Chile, nos dois combates da primeira rodada da Copa Sul-Americana 2020?

Pois é, mas o meu desafogo será exatamente este: descrever o que vi neste absurdo 0x0 contra os caras! Numa boa, chega a envergonhar até mesmo o torcedor mais desligado!

Depois de mais de 50 primaveras de futebol, conheci técnicos de todas as estirpes: o curioso, o para-raios, o boleirão, o limitado, o animador de torcidas, o desconhecedor, o inovador, o vitorioso, o derrotado e o covarde! E ainda havia alguns que misturavam duas ou mais destas características mencionadas na linha anterior.

Sobre esta última, que denota o assustado e perene nas suas decisões erráticas e repleta de temores, trago na minha memória alguns treineiros que tiveram muita sorte na carreira, mesmo sendo retranqueiros e teimosos. O nosso Abelão, o Celso Roth e o Hélio dos Anjos pra mim são os exemplos mais clássicos.

E não é que o FFC conseguiu trazer o Odair Hellmann, da escola dos profissionais defensivos e medrosos, para destilar o seu repertório de nulidades e tremores em apenas 90 min. de peleja contra um timeco. Dane-se a pouca fleuma, é timeco mesmo este tal de La Calera!

Odair deve ter como alter ego estes três treinadores que citei ali acima, porque escalar uma equipe com dois volantes – lentos pra cacete, na transição e na recomposição – precisando desesperadamente de apenas um gol, numa boa, é esculacho!

A zaga não teve sequer trabalho diante do onze da terra de Pinochet, mas colocar Digão e Claro tendo Nino e Maldini Ferraz no banco beira a sacanagem! Aliás, contumaz essa atitude do técnico: Digão é intocável e capitão! Se eu fosse o TS3, caso houvesse proposta ou interesse do Flu em repatriá-lo, pensaria 300 vezes antes de retornar à casa que o consagrou… Vai que o Odair deixa o Monstro na reserva pro magnífico Digão!

Pior é a demora pra mexer. O Fluminense entrou em campo a 10km por hora, na primeira etapa. Um chute a gol? Não f#@%$de! E no intervalo ele não fez uma única alteração sequer… O time retornou dos vestiários com a mesmíssima velocidade e mais inoperante no ataque – arrematou duas vezes à meta adversária, vá lá! Como disse o comentarista da DAZN durante a transmissão, faltou ao Tricolor o senso de urgência! Ah, e por mera covardia do Hellmann! Ou seja, ele contribuiu fortemente para a mediocridade da peleja… Que jogo sofrível!

Sim, porque nos últimos minutos, talvez os 10 derradeiros, o time partiu desordenadamente pro ataque – e quase tomou um pombo, após falha bisonha do Luccas Claro… É isso, ratificando o meu desabafo: os chilenos são horrorosos! Conseguiram desperdiçar uma chance “imperdível”!

A urgência da equipe era partir pra dentro, de maneira organizada, desde os primeiros minutos de jogo, e obrigar os malandros a desfazerem o ferrolho. Caceta, o nosso treinador não percebeu que os “vermelhos” entraram com três zagueiros e três volantes? Ele também não atentou para o fato de que o inimigo dividia qualquer bola como se fosse um prato de lagosta ao catupiry? Era a vida deles, porra! E deveria ser a nossa – porque era, realmente, a nossa! Colocasse os Guerreiros pra cima, ora bolas!

Aí, aos 20 min. da etapa complementar, o Odair me saca o Marcos Paulo, que mesmo não estando na ponta dos cascos, era o nosso menos pior atleta em campo. Pra botar o PH Ganso. O camisa 10 deveria ter entrado na vaga do Henrique, merda, que já estava amarelado! Haveria melhor transição, maior qualidade de passes e a esperança da genialidade de um jogador que ainda não demonstrou todo o seu potencial com a nossa armadura. E, cá pra nós, o Henrique fazia número dentro das quatro linhas! Errava tudo, na frente e na cozinha!

Um time mal escalado, mesmo ante uns “amadores da bola”, decerto encontraria dificuldades para triunfar. Foi isto que ocorreu no acanhado Estádio Municipal Nicolás Chahuán Nazar! Na hipótese mais redentora, que poderia até produzir elogios ao treinador tricolor, mudanças no vestiário, no decorrer do intervalo, deveriam ser efetivadas. Sem essa de alterar o status de um jogo no “papo”! Tipo de iniciativa que funcionava direitinho em tempos idos. O Futebol hoje é profissional, físico pra caramba e envolve milhões! “Papo”, na acepção do termo, é conversa pra boi dormir! Principalmente quando NADA funcionava nos 45 min. iniciais!

Peraí! Ainda tem mais um agravante: Odair Hellmann afirmou, taxativo, que o confronto frente ao La Calera não seria o mais importante da temporada – até aqui! O que é isso, cara-pálida? TODO duelo para um Fluminense em reconstrução é, sim, o mais importante do certame! Erro de conceitos na escalação, nas substituições e no discurso!

Numa boa, Odair, paciência tem limites! O Flu é massacrado há séculos, ora pelas gestões, ora pelos torcedores adversários, ora pela própria torcida, ora pela mídia, ora pelas agremiações “inimigas”… Não necessitamos de mais uma válvula de extermínio na nossa história!

Enfim, creio que tenhamos perdido a melhor oportunidade de conquistas neste ano, com esta eliminação da Sula para um time de bairros. Ademais, deixarão de entrar nos nossos cofres cifras pra lá de fundamentais para a sequência da estação. Dureza!

Fica a dúvida: será que os torcedores do Inter de Porto Alegre tinham razão quando defenestraram o Odair, especialmente pelo modus operandi e pela escolha de jogadores nos embates mais importantes daquela temporada de 2019? Sei, sei, é começo de trabalho, estamos com pouco mais de um mês de treinamentos e competições, mas começar uma labuta cometendo gafes por retração, medo e teimosia determina uma expectativa tenebrosa e temerária sobre o que vem pela frente… Ao menos pra nós, apaixonados pelas três cores que traduzem tradição!

Saudações eternamente tricolores!

Ricardo Timon