Devemos exaltar a garra, o empenho e a qualidade técnica do nosso elenco




Cazares (FOTO DE MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC)



Aos 23 minutos da primeira etapa, o menino Teixeira resolve desobedecer a lei que proíbe o drible, a finta e a brasilidade. O rapaz recebeu no meio, fintou, inventou o espaço e passou para o Abel. O centroavante Tricolor, contudo, desperdiçou a chance. A jogada descrita acima, infelizmente, foi o resumo do que de positivo o Amado Clube de Laranjeiras apresentou no primeiro tempo.

Além da coragem do menino Biel, vale a pena mencionar o destemor do narrador da partida. Em diversos momentos a voz do jogo criticou, ironizou o frescobol, a posse de bola monótona, fria, banal e entediante que virou moda no Brasil. Chega de frescobol. Precisamos resgatar as tradições da brasilidade, do drible, da finta e do improviso. Precisamos do toque de bola; a posse de bola inócua é dispensável.

De resto, novamente, o Fluminense: sofreu com a fragilidade defensiva pelo lado esquerdo. E pasmem: não vou “cornetar” o Egídio. Não. Quando o nosso lateral erra todos os cruzamentos, passes e protagoniza caneladas bizarras fica claro que se trata de um problema técnico. Não é culpa do treinador quando um jogador erra um passe de dois metros. Os buracos do sistema defensivo são, todavia, de natureza coletiva, responsabilidade do treinador. Mais dois treinos e o Roger consegue azeitar o time?

Na primeira etapa, o Flu novamente foi vítima da inconsistência tática. Quer um exemplo leitor? Os laterais sobem e não há cobertura. Novamente sem repelentes, nossa defesa sucumbiu aos voos do ponta Mosquito. O xerifão Luccas tentou o bote, mas, atrasado, acabou comentando a infração – pênalti claro e bem marcado. O buraco no lado esquerdo da defesa do Flu é claramente o sinal de um time que carece de coisas básicas: a cobertura dos laterais que sobem.

O problema tático, a falência sistêmica do Time de Guerreiros fica clara e evidente na formação do meio campo. Ganso foi “pirlado”. Voltava até o bloco de defesa para armar a jogada vindo de trás. Diniz cometia o mesmo erro. Nós sabemos que o Ganso só rende quando encosta mais no ataque, quando os jogadores de frente se movimentam e criam as condições para os passes e enfiadas de bola do meia. 

O melhor jogo do Ganso com a camisa do Flu foi assim, em 2019, contra o Peñarol – jogando mais próximo da área adversária. Recuado, ele anula a si mesmo e deixa o Martinelli sem função. Sem o Ganso como meia-central avançado, Cazares procurava ocupar a meia. Resultado: não havia aproximação, toque de bola, tabela e criação de jogadas. Excetuando o lance descrito no primeiro parágrafo, Biel isolado na esquerda e Abel isolado no comando do ataque pouco participaram do jogo. 

-Uma pergunta sobre o primeiro tempo: controlamos o jogo, fizemos uma grande partida tática ou o problema foi técnico, amigo leitor?

Na segunda etapa, Abel foi expulso logo no começo. Não vou entrar no mérito, mas, no geral, a expulsão me pareceu injusta, o árbitro usou de um rigor excessivo. E quando tudo parecia difícil, acabado, o Nense esboçou uma reação. Uma reação que mostra o valor do nosso elenco: com garra e com raça, um time mal treinado, onde as peças são utilizadas em funções e posições que anulam o potencial dos jogadores, nossos atletas foram para cima do adversário.

Desorganizado, sem padrão de jogo, sem entrosamento, o Time de Guerreiros foi Guerreiro. Jogamos com o coração, com o sangue do encarnado e uma disposição espartana. O empate nasceu de uma de nossas poucas virtudes: roubamos a bola e, recuperada a pelota, a equipe foi rápida e objetiva para chegar ao gol. Pasmem: fizemos a já quase esquecida jogada de lado do campo e, como homem surpresa, Cazares empatou a partida. Fez o gol depois de iniciar a jogada roubando a bola no meio-campo.

No gol anulado, corretamente invalidado, novamente o Flu teve lampejos de virtude. O Tricolor foi rápido e objetivo na troca de passes. Infelizmente, o atacante Pó de Arroz estava impedido. Uma pena. Pela garra, pela luta e pelo empenho, o Time de Guerreiros merecia a virada. Nossos guerreiros, nossos atletas mereciam a virada, o resultado positivo. 

-Em resumo: devemos exaltar a disposição, a vontade e o espírito de luta dos nossos jogadores que, quando não são atrapalhados pelo sistema de jogo, apresentam suas virtudes técnicas! 

Teixeira Mendes



Confrontos das oitavas de final da Copa do Brasil

Jogos de ida

São Paulo x Vasco

Criciúma x Fluminense

Vitória x Grêmio

Fortaleza x CRB

Flamengo x ABC

Athletico-PR x Atlético-GO

Atlético-MG x Bahia

Santos x Juazeirense

Jogos de volta

Vasco x São Paulo

Fluminense x Criciúma

Grêmio x Vitória

CRB x Fortaleza

ABC x Flamengo

Atlético-GO x Athletico-PR

Bahia x Atlético-MG

Juazeirense x Santos