Goleada sobre o Flamengo, críticas, Seleção Brasileira, jogo contra o Paysandu e muito mais: leia a entrevista coletiva de Fernando Diniz




Fernando Diniz (Foto: Mailson Santana / Fluminense F.C)



Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva no CT Carlos Castilho

Na tarde desta segunda-feira, o técnico Fernando Diniz concedeu a sua primeira entrevista coletiva após o Fluminense golear o Flamengo por 4 a 1, na noite do último domingo, no Maracanã, e sagrar-se bicampeão carioca. Confira abaixo todas as respostas do treinador tricolor:

Goleada sobre o Flamengo 

“Eu não gosto muito de separar o futebol, as vertentes, tudo tem a ver, mas é mais que isso. Um jogo de futebol é complexo, a final envolveu muitos fatores. Perder o jogo de ida por 2 a 0 nos fez estudar e trabalhar o limite. Mentalmente chegamos muito fortes, foi vitória justa, com imposição em todas as vertentes.”

Como lidar com as críticas? 

“As críticas construtivas fazem com que a gente cresça. Elas podem vir de qualquer lugar. Tem de saber não ficar perdido em meio a tantas críticas ou elogios. Muitas vezes algumas partem de um ponto que sou contra. Vem resultado, vem elogio. Vem derrota, vem crítica. Não vai mudar minha vida, minha rotina, só estou mais feliz.”

Futebol, resultado e busca por culpado

“Estou feliz pela minha família, amigos, torcida do Fluminense. Pobre discutir quem perdeu, talvez no Inter Mano não seja tão bom, quem vence é bom. Não discute sobre trabalho. Não tenho expectativa que vai melhorar. Desde quando eu jogava era assim e rede social deixa isso mais exacerbado. Estamos sempre atrás de herói e vilão. Mas não pode ser tão agressivo, isso acontece muito. Jogador não é máquina. São oriundos de lares poucos favorecidos. Um dia joga mal e é achincalhado. A gente cobra que tenha base emocional para suportar a pressão e não tem. Desejo que mude olhar do futebol e analise trabalho.”

Auxiliar técnico Eduardo Barros

“Os dois (auxiliares) contribuem muito. Eduardo é um jovem treinador e nesse momento auxiliar. Já dirigiu base e profissionais em algum momento. Um cara apaixonado pelo futebol. A gente trabalhou junto no Audax. Ele sabe de tudo, sabe do ataque, da defesa. Lá no Audax a gente não tinha scout e nem análise de desempenho, a gente fazia praticamente todas as análises. O Wagner é meu braço direito e esquerdo. Ele me entende no olhar. São os dois auxiliares que eu trouxe que agregam muito no trabalho. Funciona muito bonito. Tive na Europa em 2018 e a gente consegue botar um nível muito alto nos treinamentos aqui no Fluminense.”

Seleção Brasileira

“Já disse mais de uma vez que minha seleção brasileira é o Fluminense. Se um dia isso vier acontecer, vou saber responder na hora certa.”

Suposto nó tático de Vítor Pereira no primeiro jogo

“Imprensa falou que VP deu nó tático. Vocês são parte da imprensa. Mas onde teve nó tático? Montou estratégia, Fla fez dois gols, nós tivemos chance. Arbitragem horrorosa que deu tudo para o Flamengo. Quando ganhamos de 2 a 1 também foi muito ruim a arbitragem. Por que teve nó tático? Flu jogou melhor primeiro tempo pela análise de vocês. As ideias você reconhece no primeiro tempo. Para perguntar de nó tático, acho que você deve concordar. De onde tira o nó tático? Eu não vi. Flamengo foi bem, melhor, mas não teve nó. E ontem também não teve.”



Questionamentos sobre a escalação de Felipe Melo 

“Quando fala do Felipe Melo, que Flamengo não soube explorar… Felipe Melo jogou muito bem, mas querem achar um jeito de ferrar o cara. Ele jogou bem. Flamengo tentou, estavam Marcelo e Felipe Melo. O que Flamengo produziu? Flamengo não conseguiu ou eles foram bem? Boto Felipe Melo para ferrar o Fluminense? Olha como ele melhorou do ano passado para cá. Talvez seja o melhor Felipe Melo desde que chegou ao Fluminense. Pega no começo e pega agora, se fez partida melhor que a de ontem. No Peru achei falta, ele tinha acertado três bolas de 60m. Tem um talento especial. Não significa que ele será titular sempre, ele está perto do fim.

Quando querem pegar um para Cristo…quando é garoto acaba, mas ele tem estofo. Eu vou morrer com minhas ideias. Temos de ser mais justo. Ganhou bola no alto e bateu no Fabricio Bruno. Vai procurar defeito hoje? Esse tipo de injustiça não gosto. Ele foi mal porque conta o Sporting Cristal? Me fala?”

Posicionamento de Marcelo

“É uma coisa que o modelo de jogo que a gente adota me permite. Acho que o Marcelo pela qualidade que tem e trata o jogo de futebol, vai conseguir ser muito bem acolhido. Vai ter mais espaço para jogadas como aquela. Ele sabe aproveitar as brechas. Não me lembro de ter feito uma jogada pelo lado direito do campo no Real Madrid e na seleção. Em pouco tempo ele conseguiu perceber e fazer uma jogada determinante para o nosso sucesso ontem.”

Preleção 

“Preleção a gente organizou como achou melhor. Foi construída por muitas mãos. O toque final foi conseguido no Maracanã. Achei um vídeo que já tinha, achei que ia casar bem ali com a história breve do Fluminense, uma música a respeito do Flu. Trabalhamos a semana inteira sobre Flamengo, e a carga emocional favoreceu para os jogadores entrarem fortalecidos.”

Convicção de Fernando Diniz

“A minha convicção vem do sofrimento que eu tive quando jogava futebol. Eu sei o que é ser jogador. A pior parte. Se sentir o tempo todo exposto para ser massacrado. Pela imprensa, pela torcida, ambiente interno, que não protege. A gente acha que ser jogador é fácil. Não é. Tenho um conhecido que é empresário que fala que jamais conseguiria trabalhar no futebol. Porque toda quarta e domingo tem que produzir e ser massacrado. Eu não quero saber só o que o jogador produz, quero saber o que ele é.

O futebol para mim é um meio de ajudar os jogadores a serem pessoas melhores. Não é jornalista, pessoa de fora, que vai determinar o meu tamanho e dos jogadores que estão comigo. Eu acho que o tempo vai passando e a gente vai aprendendo a errar menos. Eu não faço mais porque eu não posso. Mas vou me aprimorando para poder fazer a cada vez mais. A gente não consegue fazer nada sem os jogadores. Tem que entender quem joga. A gente tem que entender a pessoa por trás do jogador. Esse é o meu objeto de estudo e a minha paixão. De fato, é ver os jogadores bem e depois deles as pessoas que estão no meu entorno.”

Melhor técnico brasileiro em atividade?

“Vou aprendendo a receber críticas e elogios. Muito melhor elogio que crítica. Mas, como humano, aprendemos mais na crítica que na derrota. Desafio é maior agora. Sempre tem coisa para melhorar. Flamengo ajudou a gente a melhorar na derrota de 2 a 0. Quem busca acaba encontrando. Se falarem que sou um técnico elogiado, procuro não deixar mudar o que preciso melhorar Não é fácil colher elogio e seguir melhorando. Continuo aprendendo. Já fui muito criticado. Recebi mais crítica que elogio. Soube ouvir as críticas. Tem que saber conviver com os dois lados da moeda. Vou continuar com meu trabalho e oferecer melhor que tenho aos jogadores.”



Final fora de campo

“Ontem não fiz falta alguma no campo. Preparação boa, estava bem representado pelo Eduardo, todos ali. Preparação foi muito boa, fiquei contente, trabalhamos muito para esse jogo. Fizemos tudo que dava para fazer. Isso traz confiança. Tudo funcionou bem. Não imaginaria um roteiro melhor do que foi feito.”

O que é o Dinizismo? Qual o legado?

“Eu acho que o Dinizismo é aprofundar mais as discussões para ajudar mais as pessoas. A parte tática, por mais que seja mais visível, não é a parte fundamental. O central do meu trabalho é estabelecer boas relações humanas. Que eles se sintam bem, que possam errar sem ser atacados o tempo todo. Futebol é uma arte, é como pintar, tocar uma música. Tudo que você faz com a mão, a gente faz com o pé. Os mais talentosos quase sempre são os que ficaram mais tempo longe da escola, tiveram menos acesso a questões cognitivas e base.

Quando a gente faz críticas para ganhar like, para mim é um tipo de mídia que não interesse. Eu estou muito feliz com esse trabalho do Fluminense, que foi feito a muitas mãos. Eu sou um cara que tem mais títulos no mundo, porque o título pra mim é outra coisa. Tem o Bruno Guimarães que falou que na época do Audax estava pensando em desistir. Tem gente que acha que isso é menos do que a taça de ontem. Eu não acho. Isso para mim é título, e eu sempre tive esses. As taças vão acontecer, porque pra mim quem faz isso está mais perto de ganhar. Fico feliz com a oportunidade de impactar a vida das pessoas.”

O que mudou de 2019 para cá?

“Fico feliz com ambos os casos. NYT e o treinador escocês. Flu melhorou muito com Mario, franca evolução. Eu sou um cara que me cobro muito. Sempre procurando melhorar. Devo ter melhorado, mas difícil dizer o que. Experiência, forma que vivo o futebol, errando, acertando, a gente vai melhorando, mas difícil. Talvez aspecto defensivo, que era preocupação que eu tinha. Ganhei mais argumentos para ter a bola. Um pouco de cada coisa. Tem críticas que fazem você pensar. Podemos aprender com qualquer um. Todo mundo acerta e erra. Todo mundo sabe pouco de futebol, tem muito que se pode fazer. Se estiver atento, vai aprender.”

Jogo contra o Paysandu

“Vamos fazer um esforço máximo para ter o pé no chão e fazer o nosso melhor. A gente tem uma característica muito própria, quando a gente corre muito para marcar, fazemos bons jogos. As coisas que eu gostaria do futebol, no começo do ano a gente deu um período maior de férias, isso foi criticado. A gente, entendendo que o futebol é uma coisa mais ampla, deu muito mais trabalho do que trazer eles dia 13, treinar uns dias e mandar eles de volta.

Quando a coisa não anda, as pessoas querem enquadrar que é por conta disso. E nunca é isso. Era preparação física. E pra mim isso incomoda, porque parece que eu sou uma pessoa folgada. Por mim, eu dou treino todo dia. Seria muito conveniente e justo dizer agora que a preparação física fez certo. Os caras estão correndo pra caramba. Mas a gente fala pouco, porque queria enquadrar o Fluminense que estava fora de forma. Ontem, foi o Felipe Melo, que não poderia. Por que não poderia? Poderia, ele é bom. Tem experiência, é importante. Não é um garoto. Por conta disso não poderia jogar?”

Desconfiança da torcida em torno da contratação de Thiago Santos

“Falando sobre o Thiago Santos, quem viu mais de cinco jogos dele antes de opinar? Eu conheço ele há nove anos. Acompanho ele há muito tempo. Ele é bom. Já falei, em time grande não tem jogador ruim. Meu filho faz medicina. É muito mais difícil passar no funil pra jogar no Fluminense do que avançar em medicina.

Quando o cara joga mal, não significa que ele é ruim. Ele só foi mal. Isso pode acontecer com qualquer um. Ninguém é bom para sempre, ninguém ruim para sempre. Eu tenho certeza que poucas pessoas que fizeram críticas ao Thiago conhecem o trabalho dele. Tenho certeza que ele vai ajudar, já ajudou na primeira partida da Libertadores. Quero agradecer a vocês pela convivência desde 2019. Quero que essa nossa convivência seja cada vez mais saudável. Que o Fluminense traga muitas alegrias a vocês esse ano.”

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Por Explosão Tricolor

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