Tamanho da vitória, erro de estratégia, mudanças, padrão de jogo e muito mais; confira a coletiva completa de Fernando Diniz

Eu, aliás, também errei na estratégia. Estava 3 a 0, e a gente poderia ter tomado quatro ou cinco. E todo mundo ia apontar para mim, que fiz tudo errado e que era ruim e que não poderia seguir assim. O Grêmio não perdeu por causa do erro dele. O futebol é coletivo e tem seu lado aleatório. Começamos com linha de quatro atrás e com três volantes por dentro. Uma linha de quatro, uma linha de cinco e o Luciano na frente. A gente mudou no intervalo, com duas linhas de quatro e adiantou o Luciano com o Yony na frente. Fizemos uma pressão mais organizada. Isso funcionou muito bem. O Daniel entrou muito bem, é um jogador que eu gosto muito. Ele mereceu a oportunidade e fez uma grande partida. A mudança na estratégia funcionou e a entrada do Daniel fez a gente melhorar significamente.

Padrão de jogo mantido

Quando o Grêmio fez os dois primeiros gols… foram erros que não poderia ter cometido. A gente treinou, especialmente a passagem do Cortez. Até isso, o Grêmio não tinha chegado. Quando chegou, foi fatal. Com isso, o nosso time sentiu. Desequilibrou. O sistema de marcação estava ajustado para esperar e sair aos poucos e na hora certa. Com o 2 a 0, estávamos desorganizados. Ainda tomamos o terceiro gol. Com a bola, mantivemos a forma de jogar. Insistimos no nosso padrão treinado. Por conta disso, fizemos o primeiro gol, uma jogada bonita e com muitos toques. Depois, aproveitamos a falha para o nosso segundo gol. No intervalo, trouxemos o Yony para dentro para ter encaixe com Luciano. Para poder fazer pressão bem feita e com encaixe mais preciso. Tivemos domínio do jogo até alcançar a virada. Depois, recuamos e tivemos o contragolpe. No fim, tivemos a felicidade do quinto gol. Isso mostra que o time é persistente, sabe lutar e acredita nas ideias que estão sendo propostas. Tivemos uma derrota para o Santos difícil, a gente fazia bom jogo até sofrer os gols. A gente está amadurecendo o time. São jogadores muito valentes, então, é possível fazer grande jogos como o de hoje.

Tamanho da vitória

Um jogo como esse vai repercutir bem. O time soube sofrer. A gente estava com três derrotas consecutivas. Contra o Goiás, aliás, só quero frisar: o VAR e a arbitragem tiraram uma vitória nossa. Isso não pode ser esquecido. A gente poderia ter duas vitórias, então. Hoje se não é ter um juiz firme tirariam outra vitória nossa. Não sou de reclamar, mas o VAR quando é chamado tira pontos nossos. Só estou pontuando e quero que ele seja usado com justiça. Então, a vitória vai repercutir bem. Todo mundo sabe o quão difícil foi chegar no estágio que a gente chegou para encarar de frente o Santos e o Grêmio fora de casa. Temos de trabalhar mais para fazer um grande campeonato.

Renato disse que não tem explicação sobre o que ocorreu. Você tem?

Futebol é um jogo, que tem muitas alternativas. Algumas delas, a gente controla. Até o primeiro gol, o jogo estava equilibrado. Quando o Grêmio fez 3 a 0, o jogo ficou à mercê deles. A gente não encaixava. Eu falava para não avançar de forma desorganizada. Se a gente não mudasse, a gente ia acabar tomando mais gols. A gente teve coragem e persistência para jogar. O nosso primeiro gol teve a nossa cara. No segundo tempo, tem todas as explicações possíveis. O Fluminense foi soberano, soube pressionar a saída de bola, soube pegar as segundas bolas e a gente tomou conta do jogo no segundo tempo. Depois da nossa virada, o Grêmio até teve mais posse de bola. Mas a gente recuou de forma organizada para ter o contragolpe. Então, essa foi a minha visão do jogo. O Grêmio é o melhor time do Brasil nos últimos anos, isso está provado com números e resultados. O que fica é que a discussão não pode ser só no resultado. A gente poderia ter perdido, e as perguntas seriam outras e o trabalho seria questionado mesmo tendo feito um bom jogo. Quando a gente vê explanações dos técnicos de fora, como o Klopp e o Guardiola, que falam que um ano não dá para fazer nada, e aqui no Brasil a gente é avaliado em tão pouco tempo. Temos de saber avaliar o trabalho, a comunidade do futebol, tem de saber distinguir o que é bom. Não pode ser apenas o placar. Precisamos melhorar o futebol.

Pensamento do jogo x mudanças no intervalo

Começamos com linha de 4 atrás e com 3 volantes por dentro. Uma linha de quatro, uma linha de cinco e o Luciano na frente. A gente mudou no intervalo, com duas linhas de quatro e adiantou o Luciano com o Yony na frente. Fizemos uma pressão mais organizada. Isso funcionou muito bem. O Daniel entrou muito bem, é um jogador que eu gosto muito. Ele mereceu a oportunidade e fez uma grande partida. A mudança na estratégia funcionou e a entrada do Daniel fez a gente melhorar significamente.

Comemoração

É natural. Uma partida como essas tem que comemorar. Só não comemoraria quem não é da comunidade do futebol. Ainda mais no caso de ter começado perdendo por 3 a 0.

Júlio César

Ele foi um grande goleiro no Fluminense e continua sendo um grande goleiro. O que aconteceu foi que cometeu um erro que acontece. Que outros goleiros cometem. Tem de se tomar cuidado pois a crítica, da imprensa e da torcida, pode determinar um prejuízo na carreira do jogador. Não se pode recriminar e colocar toda a culpa nele. Assim, a gente determina o desaparecimento de bons valores. Ele errou, assim como você erra e eu também erro. Eu, aliás, também errei na estratégia. Estava 3 a 0, e a gente poderia ter tomado quatro ou cinco. E todo mundo ia apontar para mim, que fiz tudo errado e que era ruim e que não poderia seguir assim. O Grêmio não perdeu por causa do erro dele. O futebol é coletivo e tem seu lado aleatório.

Guilherme será substituo de Everaldo?

Vou pensar ainda. Guilherme é uma possibilidade. A gente arriscou hoje, ele jogou comigo assim, a recomposição defensiva dele pesou para ser escalado. Mas estava 50 dias sem jogar, deu a contribuição dele no jogo. Foi importante. Temos a semana toda para imaginar e preparar o time para o clássico contra o Botafogo.

Pedro

Ele evolui dia a dia. Ficou oito meses parado, eu antecipei a volta dele em 15 dias. Queremos que ele volte o mais rápido possível como titular, mas não vamos pular etapas. Estamos preparando ele para suportar um jogo de 90 minutos. Ele joga cada vez melhor. A tendência natural é que daqui a pouco ele comece as partidas. Estamos pensando no bem do Fluminense.