Reposicionar nossa cultura é preciso!




Olá, amigos do Explosão Tricolor!

Passados quase 20% do ano de 2017, estamos tendo contato com diversas opiniões a respeito do nosso time, da nova filosofia do futebol do Fluminense, assim como opiniões a respeito do novo conceito de gestão do futebol, implantado pelo novo presidente do Fluminense, Pedro Abad.
Hoje gostaria de trazer não apenas os tricolores para este debate, mas se fosse possível, gostaria que essa reflexão se estendesse a outras torcidas, que antes de tudo, são formadas por seres humanos e precisam rever seus conceitos.

Resumidamente expondo a vocês, em meados de janeiro escrevi ao Vinicius Toledo um texto que, dentre muitos assuntos, citava alguns pontos que são cruciais. Trechos como:

“… Nosso ano se inicia de maneira diferente: Novo presidente, nova e tarimbada diretoria de futebol, treinador vitorioso e identificado com o nosso amado clube, e principalmente com uma nova política: A política dos pés no chão e aposta em um de nossos maiores patrimônios e motivos de orgulho: Os “Moleques de Xerém”…”,

Escrevi ainda:

“…Precisamos de criatividade, talento, vibração, tesão. E nestes quesitos, Abel Braga é insuperável. Com olhos esbugalhados, esbraveja à beira do campo e constrange quem não merece vestir esta histórica e gloriosa camisa…”

Outros trechos que escrevi:

“…. Nosso presidente chega com credibilidade, equilíbrio emocional, já tendo identificado falhas anteriores, o que mitiga absurdamente a possibilidade de cometermos os mesmos erros…”

E: “…. Dito isso, citarei agora um ditado que, se for corretamente interpretado por nossos inteligentes comandantes do presente, nos transformará: “Junto com os problemas e as crises, existem as oportunidades. A maior delas é, na minha modestíssima opinião, ver nossos moleques vestindo nosso manto e nos representando nas quatro linhas. Já sonhamos com isso muitas vezes, mas nunca tivemos esta oportunidade…”.

Após ler estes trechos, convido-os a fazerem uma reflexão a respeito da cultura do futebol brasileiro, baseada no “imediatismo”.

Como iniciei o parágrafo inicial, “…. Passados quase 20% de 2017…”. Leitores: Vinte por cento não serve de parâmetro para nada. É claro que estamos felizes com os nossos quase 20% iniciais, mas eles não nos dizem onde nossa estrada terminará. É muito pouco tempo!

Com 20% do ano letivo, você não sabia se passaria de ano, na época da escola.

Com 20% de um ano no seu novo emprego, você não sabe se será promovido.

Com 20% de uma gravidez, não se pode saber se seu filho será menino ou menina.

Com 20% de chance de sobrevida em uma cirurgia crítica, você pode ter sucesso, viver muitos anos e ser muito feliz.

No futebol brasileiro, já vi muitos planejamentos serem rasgados por causa insucesso nos 20% iniciais. E, semestres após, os mesmos clubes sagrando-se campeões com “aquele tal planejamento terrível”. Também já vi clubes sem nenhum planejamento e sem nenhuma estrutura, serem campeões restando ainda 20% para os campeonatos terminarem.

As pessoas não param para pensar que, dadas as devidas proporções, o Barcelona levou ANOS E ANOS para mudar sua filosofia de futebol, reposicionar sua imagem, padronizar processos de formação, marca, conceitos, para finalmente colher frutos. O que dirá do Manchester City, que há 4 anos, poucas pessoas conheciam. Para não irmos longe: Todos conhecem a Chapecoense. Com um planejamento de médio prazo, saiu da 4ª divisão, e em poucos anos disputou sua 1ª competição internacional, com louvor!

Pessoal, está na hora de refletirmos.

Somos extremamente imediatistas, para o bem ou para o mal. Se começamos mal o ano, vamos cair para a 2ª divisão. Se começamos bem, iremos para o Mundial Interclubes.

Não nos distanciando da análise relacionada ao nível dos profissionais que comandam nossos clubes (essa sim deve ser constante), se temos pessoas de bem, pessoas competentes, com condutas ilibadas e/ou outras virtudes à frente de nossos clubes, precisamos dar tempo e acreditar nos projetos apresentados. Ninguém abre mão de sua vida pessoal em prol de um clube, para ter insucesso. Todos querem vencer, e lutam com as armas que possuem.

Vale lembrar que não estamos na Europa, onde o cenário econômico é muito favorável, e os clubes possuem orçamentos anuais de R$300 milhões ou mais. Estamos no Brasil, onde “mais de 20%” da população está desempregada, “mais de 20%” não têm onde morar, “mais de 20% estão afundados em dívidas”. Aqui, nossos clubes necessitam de antecipação de cotas de TV para sobreviverem. Precisam vender dois ou três jogadores por ano, ou implorar pelo amor de Deus para que novos adeptos se associem!

Tudo bem: Em outro texto meu, publicado no Explosão Tricolor em janeiro, detonei o departamento de marketing do Fluminense, e eu continuo com a mesma opinião. Mas para isso, não analisei somente 20% das ações, das campanhas, das parcerias, do planejamento. O Fluminense não arrecada mais porque não sabe criar, porque não se aproxima de sua torcida, porque maltrata seus ídolos, e por uma série de outras coisas contempladas nos 80% restantes.

Particularmente, estou satisfeito com o trabalho do nosso presidente. Não votei nele e quero deixar isso claro, mas vivemos em uma democracia, e tenho o direito de analisá-lo positivamente, nos 20% iniciais. No colo do Pedro caiu uma herança maldita de dívidas, negócios mal amarrados, jogadores sucateados, etc. Portanto, continuarei avaliando-o até que a ampulheta marque os 100% de seu tempo à frente do clube. Até lá, apoiarei, criticarei, mas não o executarei, a menos que ele crie um colapso no clube com más decisões. Se ele foi omisso ou se ele não tinha poderes durante a gestão do Peter Siemsen, é outra história. Não entrarei nesse mérito.

Precisamos mudar nossa cultura, pessoal. Se perdermos 4 jogos seguidos, não pensem que é o fim da linha. O clube grande precisa vencer, mas o resultado é de médio a longo prazo, com a torcida apoiando e participando… lembrem-se do Barcelona, e de todos os demais exemplos que citei acima.

Ninguém faz sucesso ou é um fracassado com 20% de execução de um trabalho. Estejamos preparados para os 80% que restam, e no final, nossas opiniões estarão formadas, e saberemos o que cantar nas arquibancadas.

Nota:

No início do texto, gentilmente convidei colegas, inclusive torcedores de nossos coirmãos, para uma reflexão. Ressaltei com o maior respeito, que nossas torcidas são formadas por seres humanos e precisam rever seus conceitos. E, no dia de hoje, fomos acometidos por uma notícia terrível, expondo mais um caso de violência no futebol. Pedro Lucas Scudieri, brilhante estudante da UFRJ, no auge de sua idade, após viajar a Xerém para dedicar seu amor a um clube de futebol, foi cruelmente e covardemente agredido por vândalos no entorno do Maracanã, e segue internado em estado grave.

É lamentável observar como as pessoas são pobres de amor, de compaixão, pobres de espírito. É inacreditável que nos dias atuais, atos como este ainda ocorram, com tantas campanhas, tantas câmeras de segurança instaladas nas ruas. O mais impressionante é observar o quanto a violência está banalizada!

O quê um menino de 23 anos, estudioso, de família, sozinho num local esperando para ir embora, teria feito para que quatro pessoas o agredissem com barras de ferro? Quantos casos como este ainda veremos? Estamos dilacerados.

A Bravo 52 é uma torcida pacífica, que canta e leva alegria aos estádios. Por conta de atos como este, é que o Maracanã deixou de receber 150 mil pessoas, e hoje recebe 20 mil em um clássico. As pessoas de bem (que são a imensa maioria), não têm mais prazer para saírem de suas casas e assistirem a um jogo de futebol, tamanha a exposição de suas famílias à violência.

O problema é social. É educacional. É de segurança pública. É de todos nós!

Sou do tempo em que as torcidas entravam juntas no maracanã e sentavam lado a lado, sem separação por cordão de policiais, muito menos por grades.

Mas naquela época, a geração em questão não passava pelos problemas sociais que temos atualmente. As políticas populistas estimulam a proliferação de ratos repugnantes como esses quatro marginais, em troca de bolsa família ou outros programas velados de compra de votos. E o resultado, nós sabemos.

Cruzeiro x Atletico não dividem mais estádio. Grêmio x Inter não dividem mais estádio. Em São Paulo, não se divide mais estádio. Estamos perdendo para a nossa incompetência.

Sou benemérito de uma das maiores escolas de samba do Rio de Janeiro. E, semanalmente, convidamos coirmãos para a nossa quadra, dividimos nosso palco com eles, dividimos nossa bateria com eles. O mesmo ocorre quando somos convidados, também semanalmente, para participarmos de seus ensaios, em suas quadras. Nos respeitamos, porque amamos a mesma coisa: O Samba. Porque remamos juntos para fazermos um dos maiores espetáculos da Terra, que é o carnaval do Rio de Janeiro. E “ai” de quem tentar agredir um componente de uma coirmã. Para essas pessoas, o samba não dá espaço. Somos do bem.

Por quê as pessoas que amam o futebol não se respeitam igualmente? Apenas estamos com camisas de cores diferentes, pessoal. Em nossas casas, temos nossas famílias, pessoas que nos amam, que dependem da gente, que nos esperam chegar. Até quando permitiremos que a minoria nos afaste dos estádios?

Por favor, reflitam sobre isso também.

Gostaria de agradecer e parabenizar o Fluminense pelo apoio dado ao Pedro Lucas e sua família. Essa é a nossa fidalguia, o nosso diferencial, e que também existe nas quadras que frequento.

E à você, Pedro Lucas, desejo uma pronta recuperação. Que você volte a cantar com a Bravo 52, que volte logo ao nosso convívio, com amor no seu coração, sem rancor, e com a alegria que vi estampada em seu rosto em todas as fotos publicadas no dia de hoje. Porque ser tricolor é sorrir, é cantar, é ser feliz, é abraçar o desconhecido ao lado após um gol…não preciso te explicar o que é ser tricolor. Isso está gravado na sua essência. Enquanto nós usamos a voz, os instrumentos musicais, o pó de arroz, as bandeiras, os mosaicos….eles usam barras de ferro, porque não sabem o que é o amor ao próximo. Eles nunca receberam amor.

Certamente o Fluminense e o Explosão Tricolor estarão prontos para recebê-lo, homenageá-lo, e te ajudaremos a enxergar que nas adversidades somos mais unidos que qualquer um.

Seja feliz, menino!

Um abraço a todos,

Daniel Coelho

Explosão Tricolor / Foto: Vinicius Toledo / Explosão Tricolor

Siga-nos no Twitter e curta nossa página no Facebook

INSCREVA-SE no nosso canal do YouTube e acompanhe os nossos programas!

SEJA PARCEIRO DO EXPLOSÃO TRICOLOR! – Entre em contato através do e-mail: explosao.tricolor@gmail.com