Protestos da torcida do Fluminense, críticas sobre improvisações, pontos a serem melhorados e muito mais; confira a coletiva de Fernando Diniz




Foto: Lucas Merçon / Fluminense F.C.



Técnico do Fluminense concedeu entrevista coletiva no Maracanã

O técnico Fernando Diniz concedeu entrevista coletiva após a vitória do Fluminense por 2 a 1 sobre o Cerro Porteño, na noite desta quinta-feira, no Maracanã, pela 5ª rodada do Grupo A da Libertadores. Confira abaixo todas as respostas do treinador:

Vitória do Fluminense sobre o Cerro Porteño e classificação às oitavas de final 

“Eu acho que o time fez um bom jogo. Principalmente antes de tomar o gol de empate. Estava soberano. Era jogo de um time só. No momento que estamos vivendo ainda, de energia mesmo, na primeira bola que escapou sofremos gol, num lance duvidoso, se foi falta ou não… Mas tomamos o gol no primeiro ataque do Cerro. Conseguimos circular a bola bem, o jogo ia terminar pelos lados, provavelmente o gol ia sair de um cruzamento, porque esse time fecha muito o centro do campo.

Eles jogam praticamente com seis volantes quando estão marcando, então o jogo fica praticamente impossível de jogar por dentro, terminar por dentro. Sabíamos que tínhamos que jogar com amplitude máxima. Com Arias e Keno e apoio de Guga e Marcelo. Então acho que o planejamento foi cumprido. Os números mostram que merecemos ganhar. Eles tiveram duas finalizações no gol, cinco no total. A gente finalizou 16. Tivemos sete escanteios.

A gente ainda tem coisa pra melhorar. Naturalmente vamos melhorar. Mas esse último mês estamos oscilando mais para cima do que para baixo. Estamos entrando em novo momento, eu acredito. E faço um clamor para o torcedor nos apoiar. Nosso grande craque é o torcedor. A gente sabe que às vezes não entregamos o que eles esperam. No começo do ano é de muita instabilidade, contudo conseguimos um título inédito.

Se a gente for fazer análise racional, porque o torcedor fica naquela coisa de ganhar, ganhar, ganhar, mas a gente tem um título já e se a gente comparar com a temporada do ano passada neste momento estamos com mais pontos do que fizemos na Libertadores do ano passado. Terminamos com 10 pontos, tivemos que empatar com o Sporting Cristal para classificar. Hoje já estamos classificados em primeiro, estamos em boa situação na Copa do Brasil e o Brasileiro, no meu entender, estamos com pontuação abaixo do que a gente merecia.”

Cobranças e momento do Fluminense 

“Muita coisa que a gente vai colocando dentro de uma panela e mexendo e acha que tudo está ruim. Não está tudo ruim. É um processo que a gente vai vivendo, para o torcedor, para o time, para a instituição, processo de campeão da Libertadores, vice do mundo, para assimiliar isso e voltar demora. Não é que estamos demorando muito. A gente queria ganhar todos os jogos, ganhar a Recopa, o Carioca e estar em primeiro no Brasileiro, mas não é assim que acontece. O que posso garantir é que estamos trabalhando para arrumar o time mais rápido possível. Olhando por outro prisma, estamos jogando com time muito mexido, com muitos jogadores de fora, mais a venda do Nino, então a gente está trabalhando muito e acho que o time começa a jogar, ainda com instabilidade, mas de uns 20 dias para cá, oscilando mais positivamente. Temos um cenário positivo para frente.”

Críticas sobre improvisações

“A gente não está ganhando ou perdendo por causa disso ou só por causa disso (improvisações). Se for falar de improvisação, o Fluminense não joga ou nunca vai jogar de maneira convencional como os outros times. Vou dar dado de realidade para que seja divulgada uma coisa para informar mais o torcedor do que deformar. Talvez a maior improvisação deste ano que as pessoas falam seja: “como pode jogar André e Martinelli na zaga?” Eles jogaram no total 186 minutos como zagueiros. Nós tomamos um gol, que foi aquele contra o Botafogo, depois do gol de empate. Tomamos gol que o André errou uma bola que não erra quase nunca e fez o pênalti. Aquele foi o gol que tomamos e fizemos cinco gols. Então essa zaga que jogou, proporcionalmente ao tempo jogado, foi a que menos tomou gol. Isso não quer dizer que eles vão ser os zagueiros do time.

Ano passado, quando ganhamos a Libertadores, muitas vezes usamos esse artifício. Quando a gente estava perdendo para o Fortaleza aqui em 2022, o André foi para a zaga e o time foi para a frente, empatamos em 2 a 2 e conseguimos a classificação. O Marquinhos jogou de lateral em alguns momentos porque a gente achava que cabia ele ali, ele fez a jogada do gol lá contra o Atlético-MG, fez gol jogando naquela posição. Tem muito mais coisa positiva do que negativa quando você vai analisar de maneira mais criteriosa e com racionalidade. Então é questão de informar a torcida. Então não é questão de improvisação, é olhar e ver. É um risco que eu tomo para tentar deixar o time com mais chance de ganhar do que de perder. Obviamente que não foi só isso. Mas isso fez o Fluminense ficar time mais forte em 2022, 2023, com a conquista inédita da Libertadores. Então queria fazer esse recorte, tudo que quero, mais desejo, é para que a torcida se alegre. Tudo que a gente está fazendo é para o torcedor curtir de novo, como ano passado, o prazer das vitórias e a gente jogando cada vez melhor.”

Pontos a serem melhorados

“A gente tem muita coisa a melhorar, principalmente da parte tática hoje. Tem alguns encaixes de marcação que tem hora que a gente marca bem, tem hora que faz a marcação alta muito boa, que na marcação baixa lá contra o Colo Colo a gente fez muito bem e foi o que garantiu a nossa vitória. Às vezes, saber os momentos de sair jogando, os momentos de alongar, saber os momentos de variar a marcação, para sair de um bloco médio e fazer uma pressão e não ficar vulnerável. E uma coisa que acontece no momento com o Fluminense, a gente tem mexido muito no time, por conta de lesão, por conta de suspensão, algumas coisas são evitáveis, outras não são tão evitáveis assim.

O Manoel teve uma lesão muscular agora, estaria entre aquelas evitáveis, mas o Manuel, a gente tem que levar em consideração que ele ficou um ano sem jogar futebol e estava em um risco de se machucar mesmo. Aí o André teve uma lesão por trauma, o Samuel por trauma, o Keno tava afastado por torção no tornozelo e voltou faz duas rodadas. E no meio disso tudo, se você quiser ter um olhar positivo, a gente teve a volta do Alexsander, que teve o problema, mas voltou e teve acolhimento, ele já estava melhorando, teve arrependimento e está voltando a ser o Alexsander que encantou a torcida no ano passado. Teve a estreia de fato do Kauã Elias contra o São Paulo, que fez um grande jogo, contra um time pesado, uma zaga sul-americana com Alan Franco e o Arboleda. Hoje o Antonio Carlos, como no jogo do São Paulo, fez um bom jogo e por aí vai. Tem mais coisas boas acontecendo.”

Protestos da torcida

“É um protesto que eu recebo com naturalidade. Eu adoro o torcedor do Fluminense, eu adoro ele verdadeiramente. Eu tenho muito prazer em estar aqui. Um dos motivos principais é por conta da torcida. E não é por conta das conquistas. Por conta do acolhimento que tive aqui dentro. O torcedor irá protestar. Às vezes o torcedor não tem a informação desses dados que eu dei aqui. O torcedor vai ter um pouco mais de paciência quando tem que ter paciência. Mas se você vai colocando uma coisa mexendo, colocando coisa dentro, o torcedor vai ser levado. Porque ele é emoção.

O protesto que houve não foi nada agressivo. Conversamos de maneira extremamente educada, mas rígida. Ano passado eu também fui criticado e acolho muito bem a crítica do torcedor. A mudança de energia eu acho que ela está acontecendo. Nos momentos de descida como esse acho que a gente se prova, os times se provam e as pessoas se provam. Eu acho que esse momento está tirando o melhor da gente para o final da temporada. A gente está procurando se juntar cada vez mais, se unir, trabalhar mais, para entregar mais. Tudo aqui é pela torcida poder se alegrar com os resultados do jogo. Para a questão dessa química, ela está ficando, nesses momentos descida ela vai se fortalecer.”

Importância do apoio da torcida

“É muito bom para quando esse estádio aqui está cheio, nem se estiver cheio para vaiar, eu prefiro mil vezes ser vaiado com estádio cheio, com a intenção de apoiar o time do que quando o torcedor não vem. Então quem veio hoje pode ter certeza de que ajudou muito a equipe, no momento de vaia a equipe soube suportar, não se desesperou. Tem essa conexão com a torcida e eu clamo mais uma vez para eles voltarem, cada vez em maior número no estádio e jogar junto com o time. Por que eles fazem muita diferença e trabalho, entrega e vontade de vencer, essas coisas você pode ter certeza absoluta de que não está faltando em nada no Fluminense.

Adiamento do Brasileiro

“Quanto ao adiamento nossa preocupação maior não é esportiva, é a gente poder estar junto. É uma situação extremamente difícil. A gente está fora do problema e a gente imagina quem está lá em Porto Alegre, os times, as pessoas de maneira geral, a gente não tem como mensurar o que está se passando. Acho que a CBF e os times como um todo devem ter máximo de solidariedade com Inter, Grêmio e Juventude, fora o das outras divisões. Eu não sei como fazer isso, mas CBF e clubes devem se reunir de maneira muito criteriosa, solidária e generosa para fazer o melhor possível. Principalmente pelas pessoas mais afetadas.”

Primeira colocação no Grupo A

“Eu acho que é relevante a gente pontuar o máximo possível, a gente tem que pontuar o máximo que a gente puder e ficar na melhor posição que a gente puder na Libertadores. Poder jogar jogo de volta com a torcida, mas a pontuação em si eu acho que é uma coisa a gente tem que fazer o melhor pra terminar com melhor o ranqueamento possível. Conseguimos no ano passado classificar em primeiro, mas ali tínhamos menos pontos do que alguns times ou outro time que classificou em segundo lugar e fomos campeões. Isso não quer dizer que a gente vai ganhar ou não vai ganhar, acho que é importante a gente pontuar o máximo que a gente conseguir.”

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Por Explosão Tricolor

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