Entrevista coletiva do técnico Mano Menezes após a derrota do Fluminense para o Atlético-MG

Desde que cheguei no Fluminense, nunca fomos dominados como fomos dominados hoje. Sempre tivemos boas respostas, jogando jogos muito iguais, até perdendo jogamos jogos bem jogados. Esse jogo é exceção do que aconteceu até agora, e sempre trato exceção como exceção, como o nome diz. Não mexi na equipe porque não achei que a questão era individual, mas coletiva.”

Responsabilidade por eliminação

“Na minha vida de técnico, sempre procuro para o jogo como um todo. Quando um time é superior, como o Atlético-MG foi superior a nós, o problema da equipe foi tático, foi estratégico, foi global. E essa responsabilidade é minha. Sei que os jogadores fizeram todo o possível para dar o melhor de si, mas a gente não conseguiu resolver as questões taticamente que o Atlético-MG nos impôs. É isso que a gente precisa analisar. Mas precisamos reconhecer que perdemos para uma equipe que foi superior o tempo inteiro.”

Desempenho do Fluminense

“A gente a partir do momento em que não consegue ficar com a bola, você precisa se sujeitar a defender o tempo inteiro. E aí, quem tem a bola, e é muito mais gostoso de jogar com a bola, e o Atlético-MG tem uma qualidade de jogadores que faz isso muito bem, nos submeteu a uma variação de jogadas que não conseguimos marcar. Depois, encaixamos um pouco melhor com um defensor mais por dentro. Mas, mesmo assim, não tivemos volume. Acho que os méritos são do adversário, e, logicamente, os deméritos são nossos. Temos que reconhecer que não fizemos um jogo à altura de poder sair daqui com a classificação.”

Demora nas substituições

“Acho que 30 segundos antes de tomarmos o primeiro gol, a gente já tinha decidido que faria a alteração, mas futebol é isso, uma fração de segundo para lá e para cá. Volto a repetir, não foi a questão de escolha de jogar dessa maneira ou de outra, porque alguns dias atrás em outro jogo eu coloquei um terceiro zagueiro e também fui criticado porque coloquei um terceiro zagueiro. Quando a gente não faz bem, nenhuma maneira de jogar é boa. E eu acho que a gente não fez bem e por isso que a gente perdeu.”

Tática do Atlético-MG

“Você sabe que a gente acompanha e estuda os adversários contra quem a gente vai jogar. Lê muito para ter todas as informações. O Atlético-MG sempre quis empurrar o Arana na última linha tanto no jogo que jogamos aqui, tanto no jogo do Maracanã. Lá, não conseguiu fazer, porque nós fomos competentes e não deixamos. Se você olhar objetivamente no jogo, sobre quem foi marcada a penalidade máxima? Arias, dentro da área, marcando o Arana. Esse é o sinal do jogo. O Atlético-MG fez bem, empurrou a gente para trás, e Arias teve que se tornar um marcador, o que é péssimo para nós, porque é sinal de que ele está jogando muito longe do lugar que nós precisamos e que é o melhor dele, que é perto do gol adversário. Aí está o mérito do Atlético-MG, de ter feito isso bem, obrigando a gente a se tornar um time defensivo, muito defensivo, com linhas muito baixas. E explica o fato de não conseguirmos ter saída para a transição, para os contra-ataques, quase nunca.

Acho que a escolha de Fuchs e mais dois centrais, hoje Lyanco e mais dois centrais já caracteriza a intenção de armar com a linha de três e empurrar Arana e baixar um pouco o Scarpa para ser um ala pelo lado direito. Senão não tem muito sentido você colocar esses três jogadores. Então, o Atlético-MG sempre teve a intenção de fazer isso. É que, às vezes, você tem a intenção e não consegue. Hoje, teve a intenção e conseguiu fazer bem e nós não conseguimos neutralizar isso.”

Situação do Fluminense na temporada

“Não gosto de frase de efeito. Gosto de trabalhar todo dia para atingir os objetivos. E nosso objetivo hoje é sair lá de baixo da tabela. Não é possível ganhar a Libertadores toda hora. É muito difícil. Fluminense ganhou um título em sua história. Foi no ano passado. Uma grande conquista com praticamente todos os jogadores que estão aí. Mas o futebol não se repete. Às vezes, no ano seguinte, não se consegue reencontrar os mesmos caminhos. E, às vezes, as explicações nem cabe ficar externando, porque não é isso que a gente tem que fazer. Não conseguimos ir além das quartas.

E agora temos que nos voltar unicamente para sair da situação que temos. Temos que conquistar seis vitórias, no mínimo, nesses 12 jogos que temos pela frente. Já temos aí uma tarefa difícil em Goiânia no fim de semana. Depois, o Cruzeiro, se não me engano, e assim vai. E temos que fazer bem, nos preparar bem, nos recuperar bem. A gente não pode tirar o pé quase nunca da equipe. Você vê que nos últimos jogos os adversários conseguiram fazer a rotação maior do grupo. Nós não podemos, em função do que assumimos, da condição que o time está. Então, temos que voltar as coisas certas como eu sei que os jogadores sabem, e têm condições de fazer para voltar a vencer e sair dessa situação no Campeonato Brasileiro.”